Depoimentos



“A comunidade do Rio de Janeiro vê em Arnaldo Niskier um símbolo de luta e vitória. Serve ele de exemplo para nossos jovens. Vindo de família pobre, de pobres imigrantes poloneses, ele soube conquistar o respeito de todos pela maneira com que se lançou na vida. A consagração acadêmica é um estímulo para todos os jovens que, um dia, decidem vencer. E animados pela esperança e otimismo, concretizam todos os seus sonhos.”

Por Adolpho Bloch




Três Mosqueteiros da Manchete também são quatro “Conheci Arnaldo Niskier quando ele estava no início de sua carreira, isso lá pelo ano de 1961, mais ou menos. Eu tinha voltado de Paris, em 1954, e por aqui surgira uma revista chamada Manchete. Fui chamado a colaborar. Escrevia reportagens e crônicas. Depois, tornei-me redator. Sentia-me muito à vontade porque conhecera Justino Martins, um dos diretores, em Paris.

Nessa época, era comum o jornalista trabalhar em diversas publicações. Havia muitos jornais e revistas no então Distrito Federal, Rio de Janeiro. Na Tribuna e na Manchete conheci Murilo Melo Filho. “Havia muitas e boas relações entre os jornalistas. O Brasil era diferente. A televisão, em preto e branco, não passava de coisa incipiente, acanhada. Ninguém acreditava que fosse projetar-se como aconteceu. O veículo forte, ao lado de jornais da tradição do Correio da Manhã, Diário de Notícias e Jornal do Brasil, era o rádio com suas novelas que atraíam a atenção de milhares de ouvintes. “O ‘jornalismo verbal’, digamos, assim, tanto nas folhas diárias como nas revistas semanais, entre elas O Cruzeiro e A Cigarra, era o meio de comunicação extensivo e dominante. Oferecia trabalho variável e abundante.

Os ‘focas’ tinham muitas oportunidades. De modo que comecei na Manchete como colaborador, depois passei a redator. Minha indicação fora feita pelo Magalhães Júnior, jornalista, grande escritor e membro da Academia Brasileira de Letras. “Antes de chegar à Manchete, já trabalhara algum tempo em O Cruzeiro, passando depois para A Cigarra, onde estavam Herberto Salles e José Cândido de Carvalho, ambos escritores e, mais tarde, membros da ABL. Depois, tendo deixado A Cigarra, recebi convite para ser redator da Manchete, onde Arnaldo Niskier já demonstrava grande preocupação pedagógica e, anos depois, se tornaria um admirado educador, muito preocupado, inclusive, com o aprendizado à distância e com os problemas tecnológicos que acarretariam.

A paixão pedagógica o levou ao governo de Negrão de Lima, quando criou a primeira Secretaria de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro. “Vem daí nossa amizade e perdura até hoje. Ao lado de Arnaldo, Cony, Afonso Arinos e Murilo Melo Filho, compomos o chamado ‘grupo Manchete’ da ABL: os Três Mosqueteiros que são Quatro. Esse companheirismo é conseqüência dos meses e anos em que estivemos juntos ‘martelando’ nas máquinas de escrever, pois dos computadores nada sabíamos. Quando circulavam notícias a respeito, vagas notícias, no nosso imaginário a coisa nos remetia à ficção científica.

“Muito tempo depois, já acadêmico, Arnaldo se candidataria a presidente da ABL. Fui um dos primeiros a votar nele. Eleito, fez uma administração admirável. Transformou a Academia num centro de cultura, atualizando-a, com um banco de dados. A partir daí a instituição passou efetivamente a integrar-se à comunidade nacional. Em outras palavras: a ABL democratizou-se.”

Por Lêdo Ivo




“O autor, apesar de bem moço ainda, pois mal entra na quadra da primeira maturação que vai dos 40 aos 50 anos de vida, já exibe um curriculo de serviços à comunidade , não só como professor como também no exercício de funções públicas, que o qualificam para cometimentos da mais alta envergadura, perfeitamente dentro da sua vocação de cientista e técnico, dotado de especial sensibilidade para o exame e soluções dos problemas sociais que hoje constituem a maior preocupação do estadista”

Por Austregésilo Athayde




“Arnaldo Niskier tem uma visão do Brasil e luta por transformar essa visão em realidade. Seu livro, escrito com base num projeto de ”educação para todos”, vem situá-lo entre os melhores ensaístas que tivemos em qualquer tempo”.

Por Antônio Olinto




"Vieira, glória do Brasil, Prefácio do Livro “Padre Antônio Vieira e os Judeus” (2004) Pede-me Arnaldo Niskier que lhe prefacie o livro sobre o padre Antônio Vieira, S.J., o maior luso-brasileiro do século XVII. Concede-me ele grande prazer com esse convite, porque gosto de Niskier e gosto de Antônio Vieira. Aos 19 anos, não tinha eu outro alimento - as cartas e os sermões de Vieira me nutriam, sobretudo as cartas. Vieira é um epistológrafo de mão cheia.

Hoje, até prefiro o epistológrafo ao sermonista. Niskier e Vieira, que dupla... Arnaldo Niskier tem uma curiosidade intelectual enorme. Tudo lhe atrai a atenção. Ele poderia repetir como sua a palavra clássica de Terêncio - homo sum et nihil humani a me alienum puto. “Sou homem e nada do que é humano me é estranho.” Nada que pertença à humanidade do homem lhe é alheio ou indiferente. Seu olhar é universal e minucioso. Um olhar que vê. Um olhar que perscruta. E um olhar que encontra. Assim, trata-se de um humanista.

O humanismo consiste precisamente nisto - numa fidelidade rigorosa ao humano. Niskier tem uma vocação humanística, não tanto no sentido estrito do Ratio Studiorum, mas no amplo sentido de um gosto profundo pelas coisas humanas, uma familiaridade, uma intimidade.Vem daí, desse humanismo concreto, a sua jovialidade. Uma jovialidade cativante, vigilante. Quero dizer - atenta. Porque o humanismo é atento ao real. E quem mais atento às flutuações da vida do que Arnaldo Niskier? Tudo o atrai, tudo lhe merece consideração. Perquire tudo, da educação à comunicação, da tecnologia ao esporte, da praia à montanha. E tanto está bem, ou seja, feliz em Teresópolis como em Ipanema. Homem universal, isto é, aberto. Humanista cordial, isto é, voltado para o homem, sem estreitezas nem ranhetices. Na Academia, no Pen Club, na Universidade, na revista, na televisão, numa secretaria de estado(e foi secretário estadual por três vezes), na tribuna, no artigo, no livro, na peça teatral é o mesmo ser acessível, que vai coerentemente da cotidianidade à meditação filosófica.

Tinha de gostar de Antônio Vieira. Tinha, sim, que descobri-lo, valorizá-lo. Imenso Vieira. Figura absolutamente genial. De uma flexibilidade, de uma concretude, de um senso do real que faz dele um grande político. Foi três coisas: pregador, moralista e político. Não foi propriamente filósofo. E, sem dúvida, foi muito mais um moralista do que um teólogo no sentido formal. Encarnou o barroco, e o encarnou como ninguém no mundo, vale dizer, na obra e na vida. Foi tragicamente um barroco, o maior dos barrocos. Júlio César Machado está publicando um livro notável sobre o barroco carioca. Como somos barrocos. Não é só Minas, não é só Bahia.

O Rio também é densamente barroco. Esse ensaio digno de um Clarival do Prado Valadares o prova, como fotografia e texto. Niskier sentiu e compreendeu o barroquíssimo jesuíta Vieira. E o traz até nós na sua inteireza ágil. Não o Vieira na sua missão total, na pluralidade da sua vocação religiosa e política, ser múltiplo, mas o Vieira especialmente nas suas relações simpaticíssimas e justas com os judeus, os da “nação hebraica”, assim como ele dizia. Há um messianismo profundo em Antônio Vieira. Quem o resumiu muito bem foi o português e jesuíta Luis Gonzaga Cabral, que morou na Bahia - Vieira pregador.

Na pregação messiânica (religiosamente e politicamente) se condensou o seu destino. Foi por excelência o missionário do Brasil. Ele, no século XVII; Júlio Maria, na transição entre o século XIX e o século XX. Não tenho dúvida em dizer que Vieira é a maior figura da história colonial do Brasil. Culturalmente, foi. E socialmente. Um líder. Um articulador. Um inspirador. Um contemporâneo do futuro. Pois esse homem singular, poderoso, defendeu os judeus. E os quis defender mais de uma vez, com toda a sua eloquência irresistível e nobre. Um homem como Vieira não podia ser indiferente à causa dos judeus. Soube fazê-lo com realismo que a nós hoje nos impressiona. Esse padre era um realista. As suas defesas dos judeus me comovem. É uma grande voz humana a erguer-se em favor de Israel. Uma das maiores vozes do mundo, em qualquer tempo. Juana Inês de la Cruz, que nosso Manuel Bandeira traduziu com amor, tinha paixão lá no México por Vieira e o lia carinhosamente. Ivan Lins, não o cantor jovem, mas o positivista, dedicou a Vieira um livro magnífico, Aspectos do padre Antônio Vieira, de que saiu a segunda edição em 1962. Curioso, Arnaldo Niskier sucedeu na Academia a Peregrino Júnior. Pois o patrono da cadeira é João Francisco Lisboa, o biógrafo de Vieira. O maranhense pagou a dívida do Maranhão com o padre.

Na questão dos índios do Maranhão, Vieira foi inexcedível. Como foi esplêndido na defesa dos judeus. Por isso, colheu a ira da Inquisição, esteve preso, defendeu-se no cárcere, sofreu. Niskier os estuda a todos - João Francisco Lisboa, João Lúcio de Azevedo, Ivan Lins, Antônio Sergio, Hernani Cidade, todos aqueles, e foram muitos, que meditaram sobre o destino dramático do pregador corajoso e lúcido. Que bom, que confortador ver-se um jesuíta sair em defesa dos judeus. O antis-semitismo é um absurdo, uma vergonha, um crime. Somos todos semitas espiritualmente, exclamava Pio XI. E foi o mesmo Pio XI que escreveu em 1937, no auge do hitlerismo, a encíclica Mit Brennender Sorge, contra o nazismo insolente e desumano. Jacques Maritain publicou todo um livro enternecido em defesa dos judeus - Le Mystère d´Israel. Jorge de Lima nos deu o grande poema, que está em A Túnica inconsútil, de 1938 - “Invocação a Israel”, um dos poemas mais belos, mais fortes de nosso Jorge de Lima. Niskier pesquisou tudo, fez uma vasta pesquisa. E nos entrega um ensaio minucioso, exato, preciso. Reconstitui-se a vida riquíssima do padre setecentista, entre Lisboa, Bahia, Maranhão, Roma, Holanda, reconstituem-se as relações dele com os judeus, reconstitui-se o caso dele com a Inquisição, tudo seguido da ampla e atualizada bibliografia. Este levantamento probo das relações entre o padre e os judeus é um momento importante na bibliografia histórica brasileira.

Devemo-lo à diligência de Arnaldo Niskier, que agora -e para sempre - se inscreve no quadro dos estudos vieirenses que tanto interessavam a Pedro Calmon. Eis aí um espírito harmonioso que gostaria deste livro. Mas não só o Pedro Calmon. Também Afrânio Peixoto, de suma baianidade. Bem haja Arnaldo Niskier pela sua empreitada. Esta obra o honra. E nos honra. Ele foi às fontes. E nos trouxe um livro cristalino, que vai transformar-se de hoje em diante numa fonte perene para todos os estudiosos da grande vida e da grande obra do padre Antônio Vieira, glória da Companhia de Jesus, nossa glória, do Brasil."

Por Antônio Carlos Vilaça




Só a educação fará o país assumir seu papel na História Ao falar de Arnaldo Niskier e de sua “ação cultural”, disse Antonio Olinto: “Trata-se de um lutador incansável, com ênfase no magistério, pois o gravíssimo problema deste nosso país está relacionado com a educação. Os governos ainda não encontraram meios de tirar, segundo as estatísticas, os 20 milhões de pessoas que estão submersas nas trevas do analfabetismo.

“Temos em Arnaldo um lutador permanente, desde que o conheço, batendo-se para melhorar esse setor, pois muito pouca gente se preocupa com isso, essa é a dolorosa verdade. Nem o exemplo do Japão e da China inspira-nos a seguir pelo mesmo caminho. Há uns 20 anos esses países decidiram investir no processo educativo completo, que inclui a pesquisa, e os resultados são conhecidos. Eles estão lá em cima, ombreando-se com as nações mais desenvolvidas do planeta, nós permanecemos na estagnação.

Sem educação, completa, este nosso Brasil não vai pra frente. “Vale lembrar que, hoje, a China forma 200 mil engenheiros por ano. E nós? Como crescer se nossa educação é precária? Não adianta que presidentes e ministros prometam fazer, se de forma objetiva nada acontece. Vai daí que temos esse grande número de analfabetos a entravar nosso almejado progresso. Enquanto isso, a grande massa de iletrados está condenada à ‘escravidão da ignorância’. “Em meio a isso, a essa situação calamitosa, o Arnaldo é uma figura singular, um herói que há anos tenta reverter essa política do absurdo. Merece uma biografia, por que este livro, dando destaque a seu empenho em defesa do processo educativo, também mostrará que todos nós, indistintamente, devemos lutar para melhorar o sistema educativo e não esperar pelas decisões governamentais, pois através dos anos e dos governos nada nesse sentido aconteceu.

“Conheço Arnaldo Niskier desde 1951 ou 52. Mais de meio século. Ambos desenvolvíamos nossas atividades na imprensa: eu no jornal O Globo, onde assinava uma coluna diária de informação e crítica literária, com o título ‘Porta de Livraria’, ele na revista Manchete, onde foi repórter, chefe de reportagem e diretor das publicações que o Grupo Bloch editava. Eu lutava em defesa da literatura, ele incumbia-se de fazer com que as revistas Bloch fossem cada vez mais lidas, ou seja, era a maneira de transmitir conhecimentos e mostrar que todo aquele que sabe ler vive em um mundo melhor; deixa de ser ‘escravo da ignorância’. “O Arnaldo tem grande experiência de vida e lastro cultural, por ser um estudioso compulsivo. Já foi secretário de Educação em três governos diferentes, no Rio de Janeiro, já escreveu inúmeros livros, é um educador consciente de seu trabalho. Sabe, mais que ninguém, que a educação é básica. Sem ela não valemos nada. Tolos são aqueles que imaginam ir pra frente com esse tipo de política que temos.

Nas atuais circunstâncias o país não sairá do lugar porque o peso negativo dos analfabetos que formam gigantesco exército de incapazes não permitirá, além de constituir um dos problemas geradores da violência. “Por isso tudo que acabo de dizer, defino Arnaldo Niskier, dando destaque ao seu lado de humanista, como um cidadão admirável, pois sendo de uma família que fugiu da perseguição nazista, na Europa, tem lutado para que possamos construir um país melhor. Mas para que isso aconteça, é necessária uma séria política de educação, a fim de que as pessoas tenham consciência e se orgulhem de seus valores. “Tendo passado boa parte da infância, praticamente numa favela, tal a pobreza que era viver no subúrbio de Pilares, foi pelos estudos que se transformou nesse herói do nosso ensino e da nossa cultura. E seu trabalho é constante, sem qualquer tipo de esmorecimento, pois está sempre escrevendo, dando aulas, pronunciando palestras, tudo isso para contribuir na popularização da nossa desprestigiada educação. Há mais de 10 anos tenho o prazer de editar com ele o notável Jornal de Letras, que fizemos ressurgir.

“Arnaldo é daqueles – e eu me incluo como integrante do pequeno grupo – que não acredita possa o Brasil crescer sozinho; como está, somente os abastados têm vida farta. A grande massa vegeta na ‘escravidão da ignorância’. “Com relação ao autor desta biografia, gostaria de dizer que, também, veio de baixo, como se costuma dizer. Estudou, pelo que sei, em meio ao sofrimento, a fim de tornar-se um escritor. Por isso, estou certo, escolheu o Arnaldo Niskier como personagem do seu estudo, por tratar-se, repito, de um ser humano exemplar. Além disso, o biógrafo de Niskier é homem com experiência no cinema e na televisão, sabe muito bem da importância desse judeu-carioca no nosso processo cultural. Procurar entender meu companheiro de jornalismo e de Academia é valorizar aquele que tem lutado, esses anos todos, pelo desenvolvimento cultural, incluindo-se aí a pesquisa e a tecnologia que tanto o preocupa.”

Por Antonio Marques da Rocha Olinto




Junto ao poder, sem jamais tornar-se político partidário “Conheço Arnaldo Niskier há bastante tempo; desde quando era chefe de reportagem da Manchete Esportiva. Nessa época já se tornara um nome importante no jornalismo”, diz Cony. “Ele foi sempre bem-informado e culto. Nos tempos da Manchete já preparava sua tese de doutorado para ser professor titular na UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro). Arnaldo é um intelectual que se divide em várias facetas. A principal delas é a de professor, como gosta de ser chamado. Conhece o universo da educação como poucos. Em matéria de Filosofia, Matemática e Pedagogia da Educação, é mestre. Posso dizer que, na sua especialidade, é o mais brilhante educador da atual geração. Equipara-se a João Lyra Filho, outro grande educador.

“A par da sua atividade básica, Arnaldo tem seu lado político. Sempre desempenhou as funções de administrador educacional, sua especialidade. Foi secretário de Estado no governo de Negrão de Lima. Ocupou a Secretaria de Ciência e Tecnologia. Entre outras obras, fez o Planetário que está aí, até hoje, e é de grande importância, principalmente, para os estudantes. Tempos depois seria secretário de Educação e Cultura no governo Chagas Freitas e, anos mais tarde, 2005/2006, secretário de Cultura na administração da governadora Rosinha Garotinho, passando em seguida à Secretaria de Educação. Em ambos os setores, prestou relevantes serviços ao Estado do Rio de Janeiro.

“Na condição de jornalista, como já disse, teve, também, desempenho brilhante. Em dado momento, tornou-se diretor de jornalismo do Grupo Manchete. Foi nessa época que, mais efetivamente, comecei a trabalhar com ele. Era um grande profissional e, também, um admirável ‘quebrador de galhos’. Quando havia qualquer problema nas diversas revistas do Grupo – Manchete, Fatos e Fotos, Desfile, Ele e Ela, Amiga, Sétimo Céu – era a ele que os diretores recorriam e a solução que parecia impossível, logo entrava na via de solução. Não se alterava, nunca demonstrava estar de cabeça quente. Descascava o abacaxi com absoluta calma, educação e, acima de tudo, humildade. Jamais, que eu saiba, procurou sobrepor-se a quem quer que fosse para impor sua vontade; tomava decisões na base do espírito de equipe. Daí o sucesso que ele alcançou.

E foi nessa fase da Manchete que ele se candidatou e foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, tomando posse no dia 17 de setembro de 1984. “Com isso, ele surpreendeu muita gente, pois ninguém sabia dos livros que havia escrito e muito menos que O impacto da tecnologia, edição de 1972, seria de grande importância, por ser uma síntese bem pesquisada e de fácil leitura, dos eventos tecnológicos através dos séculos, desde a soturna Idade Média, em que nada de importante aconteceu, visando ao progresso da humanidade. Um outro trabalho do Arnaldo, no formato romance, é Branca Dias – o martírio, muito bem escrito. O Dias Gomes já havia feito um texto teatral a respeito, mas devo acentuar que ele foi mais longe, pois aprofunda-se na questão da Inquisição e trata da perseguição dos judeus no Brasil.

Do ponto de vista de Niskier, Branca Dias torna-se uma personagem mitológica, uma Joana D’arc. Aliás, devo ressaltar: tive a satisfação de dar minha opinião sobre esse livro. Como já disse, o Arnaldo é múltiplo. Já escreveu até letra de samba. Está presente em tudo. Não há setor da cultura brasileira em que ele não tenha deixado sua marca. Embora não seja mais jornalista “do batente”, como dizia-se antigamente, escreve para jornais e revistas. É colaborador dos mais assíduos e mais lidos da Folha de S. Paulo. Posso dizer isso porque sou do Conselho Editorial do jornal. Ocasionalmente, escreve em O Globo e, também, no Jornal do Comércio. “Além dessas atividades, vale lembrar o lado acadêmico de Arnaldo. Foi diretor da ABL quando morreu Austregésilo de Athayde e, de novo, na gestão de Josué Montello. Em ambos os períodos, caracterizou-se pelo dinamismo. Se a Academia tem, hoje, toda essa abrangência, deve-se a ele que criou, na sua presidência (1998-1999) o Teatro Magalhães Júnior, estimulou a realização de debates, visitas, viagens, palestras e a criação do plano de saúde para os funcionários da casa e acadêmicos. Trouxe para a ABL seu know-how de grande executivo. Isso me leva a dizer que a ABL teve dois períodos: antes e depois do Arnaldo.

Felizmente, a modernização imposta por Niskier foi levada adiante, inclusive pelo presidente Marcos Vilaça, preocupado em divulgar as atividades da ABL na grande mídia. Mas o Arnaldo foi, digamos, assim, o pioneiro disso tudo. Considero-o grande amigo. Quando fui eleito, o convidei para ser o acadêmico que me receberia. Seu elogioso discurso deixou-me emocionado. Por isso, defino o Arnaldo Niskier como sendo pessoa das mais inteligentes que conheço. Está sempre alegre, com suas tiradas espirituosas. Conversar com ele é coisa agradável. Em qualquer que seja o assunto pode manifestar-se e sempre bem fundamentado. Não deixa a peteca escapar-lhe das mãos e o faz com bom humor e sabedoria.”

Por Carlos Heitor Cony




“Ele retrata neste livro revelações de poder dessa geração nova que ingressa e se destaca nos postos de observação e decisão. Os lastros de sua cultura e os rasgos luminosos de sua inteligência coincidem com o vigor de sua atuação. A feição que destaco no seu porte é sumamente confortadora: o desconhecimento, a comunicabilidade e a irradiação com que nos prende, espontaneamente, aos seus sentimentos e ao seu espírito. Ele sabe julgar os verbos colaborar, estudar e trabalhar em busca da dignidade humana apurada. Ser útil à sua geração, ao nosso tempo, e principalmente, à solução de problemas crônicos ou aflitos do Brasil, eis a rotina do seu cotidiano”.

Por João Lyra filho




“Arnaldo Niskier, autor de vários livros sobre educação, traz para a convivência acadêmica seu conhecimento e militante interesse pelos problemas educacionais que formam o fundamental de sua obra publicada e de sua atuação de administrador-foi como se sabe, Secretário de Educação e Cultura do Estado do Rio de Janeiro-ao lado do trabalho, de muitos anos, no jornalismo profissional, área de comunicação que agora se amplia com sua presença na televisão. A Academia Brasileira de Letras ganhou, o entusiasmo de um jornalista brilhante e, sobretudo, um amável companheiro”.

Por Jorge Amado




“Assim é Arnaldo Niskier, jornalista, licenciado em matemática, admirador dos números e das ciências exatas. É tenaz, mas não cabeça dura. Sabe o que deseja, e luta, com seu coração de atleta e sua inteligência de professor, pelo que acha certo e justo. Por ser tenaz, que é a marca registrada do seu temperamento, chegou a Arnaldo Niskier. E ser Arnaldo Niskier é ser modesto e fascinante. Um brasileiro para a folhinha de 2 mil”.

Por Jose Cândido Carvalho




“De Arnaldo Niskier podemos dizer que é, em essência, um homem pragmático, com o sentido da educação ajustado à realidade contingente e objetiva. Daí o seu triunfo”.

Por Josué Montello




Niskier é destemido na conquista dos seus objetivos “Arnaldo Niskier é um grande companheiro. Não lembro, exatamente, do momento inicial da nossa aproximação. Foi pelo lado da imprensa, na revista Manchete, ou pela vertente do educador? Não sei! O certo é que, antes de me tornar acadêmico, já nos dávamos muito bem. Niskier foi ardoroso defensor da minha candidatura e tornou-se meu compadre, pois é padrinho de casamento do meu filho, e colega leal. Gosto muito dele.

É um homem de vontades, destemido na conquista dos seus objetivos, além de trabalhador incansável. A gente olha para ele e logo percebe que a preguiça passa longe desse admirável educador. “Outro motivo da nossa aproximação: sendo Pernambuco o ‘umbigo do mundo’, lá está instalada a mais antiga sinagoga das Américas e nós, pernambucanos, somos muito orgulhosos desse pioneirismo.

Eu, por exemplo, valorizo esse fato e já conversei bastante com Niskier sobre a colonização dos judeus na formação do nosso Estado. “Quando presidente da ABL, Arnaldo Niskier fez uma administração imaginosa. Exemplar! É homem de dedicação a seus amigos, além de bom marido e bom pai. Conta, de vez em quando, umas bazófias de ter sido ponta-esquerda de destaque no América, quando jovem, mas eu tenho cá minhas dúvidas; vai ver, não passava de um perna de pau! Quando digo isso ele não gosta, pois insiste em afirmar que era um esquerdinha de entusiasmar os torcedores!”

Por Marcos Vinícios Vilaça




“Minha mãe Dora e o pai de Arnaldo eram primos. Portanto, somos parentes e, desde a infância, tivemos muitos contatos. Arnaldo nunca teve apelido. Era Arnaldo, mesmo. Às vezes, o pai dele vinha me buscar para que passássemos o dia juntos. Arnaldo foi sempre muito ligado aos esportes: natação, basquete, futebol. Ele vivia no América. Era sócio-atleta do clube. Mas, antes de mudar para a rua Haddock Lobo, era Fluminense. Depois mudou! “Excelente aluno. Em Matemática e Português, então, era imbatível.

Desde jovem, sempre teve tendência para o magistério. Além disso, primava pela organização, além de ser minucioso e ligado à família; muito unido com os irmãos Rachel, Júlio, Odilon e Sylvio. Júlio é engenheiro eletricista; Rachel, médica; Odilon, advogado e Sylvio, engenheiro, foi professor na Faculdade Mackenzie, em São Paulo, durante muitos anos. Mas antes de lá chegar, ainda muito jovem, foi meu professor particular de Matemática. “Meu pai socorreu-se dele para ver se eu melhorava minhas relações com os números. Nessa época eu queria, mesmo era ler os livros que contavam as histórias de Tarzan e Zorro, enquanto o Sylvio se esforçava, pacientemente, para que eu conseguisse passar de ano.

“Arnaldo nunca foi vaidoso. Era consciente da sua própria capacidade e fazia questão de se impor pelos conhecimentos de que dispunha. Não desejava desmerecer os outros, mas se destacava numa discussão pelo ponto de vista sempre inteligente, oportuno e muito bem fundamentado que apresentava, tudo isso com muita sutileza. Quando garoto vivia para estudar. Nas escolas por onde passou sempre se colocou como o melhor aluno. Demonstrava, desde cedo, uma grande vontade de saber e um jeito todo especial para ensinar. “Arnaldo é de uma família que enfrentou as maiores dificuldades para sobreviver. O pai, vendedor ambulante, estava sempre viajando e quem cuidava dos filhos era a mãe Fany, que considerava a educação como coisa prioritária.

Graças a ela um filho (Odilon) tornou-se advogado, o outro engenheiro (Sylvio), o terceiro é também engenheiro (Júlio) e a filha médica (Rachel). Arnaldo é educador, escritor, intelectual de grandes méritos e membro da Academia Brasileira de Letras, da qual já foi, inclusive, presidente em dois mandatos. “A par dos muitos afazeres que tem, Arnaldo mantém-se em permanente bom humor. Com os amigos, então, tem sempre um gracejo, um afago, muito carinho. É meu primo querido.

Quando tomei posse na Academia Nacional de Medicina ele esteve lá para me prestigiar. O presidente da Academia chamou-o para fazer parte da mesa. Fiquei muito orgulhoso de estarmos, novamente, lado a lado, como nos tempos de meninos quando soltávamos pipas e participávamos das peladas. Bons tempos!”

Depoimento do Médico José Marcos Fisz




Educação em livro reúne dois autores No dia 7 de março de 2007, no Centro de Integração Empresa-Escola, em São Paulo, o acadêmico Murilo Melo Filho pronunciou o discurso que transcrevemos parcialmente, por ocasião do lançamento do livro Educação – Estágio & Trabalho, de Paulo Nathanael e Arnaldo Niskier (Edições Integrare).

“Desejo que minhas primeiras palavras sejam do mais profundo e do mais sincero agradecimento aos senhores Paulo Nathanael Pereira de Souza e Luiz Gonzaga Bertelli, presidentes deste C.I.E.E, pelo honroso convite para participar deste painel abrangente sobre os problemas da Educação Brasileira e aqui falar um pouco sobre este livro Educação – Estágio & Trabalho – escrito por Paulo Nathanael e Arnaldo Niskier; e que por eles será autografado logo em seguida. Sobre o primeiro desses autores, posso dizer que se trata de um empresário e de um educador com importantes serviços prestados à integração da Empresa e da Escola, recebendo muitas homenagens, como as Ordens do Mérito Nacional da França e do Mérito Educativo do Brasil, Legião de Honra da França, Presidência da Academia Cristã de Letras, bem como as Academias Paulista de Educação e de História.

O professor Arnaldo Niskier é um homem inteiro e integral, de corpo e alma, um homem sério, limpo, justo, sensato, “transparente”, equilibrado, afetuoso e decente, companheiro insuperável, um paradigma de retidão e de compostura, irmão exemplar e muito querido ao meu coração, que Deus e a vida me deram. Ele nos adverte sempre para os perigos que atualmente rondam a nossa língua, desde quando, nos currículos escolares, foram extintas disciplinas que enriqueciam a cultura humanística dos nossos estudantes. Antes, foi a exclusão do Latim, que era nossa origem e nossa matriz. Depois, foi riscado o idioma francês. Agora, aboliram o ensino da Literatura, com o banimento das antologias literárias.”

Murilo Melo Filho




Arnaldo Niskier não tem medo de viver “Digo sempre a Arnaldo Niskier que ele é um imigrante, como eu. Pelo espírito de luta, pela obstinação, pela extraordinária capacidade de entender e amar os da casa, os que formam a grei brasileira. “Afirmo que Niskier, como eu o chamo na intimidade do afeto, ama o Brasil como poucos. Ama a família, o trabalho, a educação brasileira, de que é mestre. É também um apaixonado defensor da nossa Academia Brasileira de Letras, de que foi presidente, e que jamais abandona não importa o que esteja fazendo, que alta função ocupe.

“Admiro-lhe, sobretudo, a sabedoria colocada a serviço da educação brasileira. Por ela, sobe a tribuna, escreve livros, tornou-se um dos maiores educadores do nosso país. Sua voz ecoa em nome desta causa superior. Cumpre com valentia o dever de professor e de brasileiro. “Considero-o um amigo, pronto a animar-me, quando faz falta. Para dizer-me o que preciso ouvir. Ele é delicado, comigo e com os subalternos. Uma qualidade que aprecio e considero rara.

Gosto de vê-lo ao lado da sua Ruth, companheira de vida. E outro detalhe relevante: conserva intacta a juventude. Não tem medo de viver, de fazer projetos, levado pela convicção de que terá toda uma vida para pô-los em marcha.”

Nélida Piñon




“Graças a Deus, Arnaldo Niskier tem outras virtudes, além da simples idade. Uma delas é a ardente seriedade. Eu o conheço de muitos anos. Fomos companheiros de redação ao tempo que ele era um irremediável garoto. Muitas vezes, deu-me vontade de perguntar-lhe: "Você é um Rimbaud?, Mas já sentia, em Arnaldo Niskier, um potencial imenso de vontade, de obstinação, de amor.”

Nelson rodrigues




“Arnaldo Niskier é um extraordinário trabalhador cultural”

R. Magalhães Jr.