A qualidade do ensino superior


Arnaldo Niskier

Com a colaboração do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos Anísio Teixeira (INEP), a Associação Brasileira das Mantenedoras do Ensino Superior, presidida pelo prof. Celso Niskier, realizou um levantamento dos números desse importante segmento. Nele se revela uma clara tendência de crescimento do ensino à distância em nosso país.

Já estamos com mais de 10 milhões de vagas ofertadas no ensino superior à distância, de um total de 16,4 milhões do total. Pela primeira vez na história, essa modalidade superou o ensino presencial, com um pormenor essencial: a cada 4 estudantes de graduação, 3 frequentam escolas particulares. Estas contam com 54% dos 400 mil professores brasileiros de ensino superior.

O que nos preocupa, com essas revelações, é o problema da qualidade. É certo que a quantidade cresce de modo concreto, mas não se pode afirmar o mesmo no item qualidade. Temos 198 Universidades no país e nada menos de 2.076 Faculdades, com uma presença notável de cursos de Educação, Negócios, Administração e Direito. No primeiro deles o número de concluintes é 133 mil. Sem dúvida, um bom número, mas a questão que se coloca é quanto à qualidade. Será que está sendo respeitada?

Temos em educação alunos de Ciência da Educação, Formação de professores de Educação infantil, Formação de professores em áreas específicas, Formação de professores sem áreas específicas e Formação de professores em Letras. O número de concluintes cresce a cada ano (15% em 2019) e há perspectivas de liberação de novos cursos, com o desdobramento das necessidades impostas pela economia digital.

Hoje em dia, formam-se em Educação cerca de 120 mil professores. Para um país com a extensão do nosso, pode-se esperar que esse dado cresça ainda de forma expressiva, acompanhando um alunado cada vez mais interessado na EAD. Mas há algo que não pode deixar de estar nas discussões dos responsáveis pela nossa educação: a questão objetiva da qualidade do que é ministrado. Devemos ser cada vez mais exigentes, pois o desenvolvimento científico e tecnológico será cada vez maior. Chamamos a atenção do Conselho Nacional de Educação para esse fato.