O Imortal Darcy


Arnaldo Niskier

“Só há duas opções nesta vida: se resignar ou se indignar. E eu não vou me resignar nunca.”
Darcy Ribeiro
 
Academia Brasileira de Letras
 
Rio, novembro de 2016
 
Corria o ano de 1992 e faleceu o grande médico Deolindo Couto, que honrava muito a Academia Brasileira de Letras. O presidente Austregésilo de Athayde, presidente da casa, queria um grande nome para substituí-lo. Pensou em Darcy Ribeiro e me chamou à sua sala, para perguntar se eu o conhecia. Com a reposta afirmativa, incumbiu-me de sondá-lo, o que fiz de imediato. Conversei com Darcy pessoalmente e fui repelido. Disse-me ele que a Academia Brasileira de Letras não estava nos seus planos.
 
Dei o recado a Athayde, mas não me conformei. Logo depois, o governador Leonel Brizola foi almoçar com Adolpho Bloch, na bonita sede da Manchete. Aproveitei a ocasião e conversei com ele, contando o desejo de Athayde.
 
Diálogo com o governador:
— Mas o Darcy não quis?
— Não, respondi.
— Ele está louco? A Academia é a entidade cultural mais importante do Brasil... Deixe o assunto comigo. Preciso de três dias. Vou-lhe telefonar.
 
E foi o que ocorreu. Três dias depois, num final de tarde, recebi o telefonema do governador:
— Pode ligar para o Darcy. Ele vai aceitar.
Foi o que fiz. Ele aceitou e transmiti o ocorrido ao nosso estimado presidente.
 
Darcy Ribeiro foi eleito e tomou posse na cadeira nº 11, no dia 14 de abril de 1993, no meio de uma grande festa. Ocupou o lugar até 17 de fevereiro de 1997. O seu enterro no mausoléu, foi um dos mais movimentados da história da ABL. Teve até escola de samba.
 
Filho de farmacêutico e professora, nascido em Montes Claros (MG), em 26 de outubro de 1933, Darcy Ribeiro mudou-se para o Rio de Janeiro com o objetivo de estudar medicina. Até ingressou na faculdade, mas abandonou o curso depois de três anos. Transferiu-se para São Paulo, indo estudar Ciências Sociais na Escola de Sociologia e Política. Em 1949, entrou para o Serviço de Proteção aos Índios (antecessor da Funai), onde trabalhou até 1951. Passou várias temporadas com os indígenas do Mato Grosso (então um só estado) e da Amazônia, publicando as anotações feitas durante as viagens. Colaborou ainda para a fundação do Museu do Índio (que dirigiu) e a criação do parque indígena do Xingu.
 
Darcy Ribeiro escreveu diversas obras de etnografia e defesa da causa indigenista, contribuindo com estudos para a Unesco e a Organização Internacional do Trabalho. Em 1955, organizou o primeiro curso de pós-graduação em antropologia, na Universidade do Brasil (Rio de Janeiro), onde lecionou etnologia até 1956.
 
No ano seguinte, passou a trabalhar no Ministério da Educação e Cultura. Lutou em defesa da escola pública e, junto com Anísio Teixeira, fundou a Universidade de Brasília (da qual foi reitor em 1962-3).
Em 1961, foi ministro da Educação no governo Jânio Quadros. Mais tarde, como chefe da Casa Civil no governo João Goulart, desempenhou papel relevante na elaboração das chamadas reformas de base. Com o golpe militar de 1964, Darcy Ribeiro teve os direitos políticos cassados e foi exilado.
 
Viveu, então, em vários países da América Latina, lutando por uma nova Universidade. Foi professor na Universidade Oriental do Uruguai e assessorou os presidentes Allende (Chile) e Velasco Alvarado (Peru). Naquele período, Darcy Ribeiro redigiu grande parte da sua obra de maior fôlego: os estudos da "Antropologia da Civilização", em seis volumes (o último, "O Povo Brasileiro", foi publicado em 1995).
 
Em 1976, retornou ao Brasil, dedicando-se à educação pública. Quatro anos depois, foi anistiado, iniciando uma bem-sucedida carreira política. Em 1982, elegeu-se vice-governador do Rio de Janeiro. Nesse cargo, trabalhou junto ao governador Leonel Brizola, na criação dos Centros Integrados de Educação Pública (Ciep). Ribeiro criou, planejou e dirigiu a implantação de quase 500 CIEPs. O projeto pedagógico era revolucionário no Brasil, visando dar assistência em tempo integral a crianças, incluindo atividades recreativas e culturais para além do ensino formal - dando concretude aos projetos idealizados décadas antes por Anísio Teixeira.  
 
Nas eleições de 1986, Darcy foi candidato ao governo fluminense pelo PDT, concorrendo com Fernando Gabeira (então filiado ao PT), Agnaldo Timóteo (PDS) e Moreira Franco (PMDB). Darcy foi derrotado, não conseguindo suplantar o favoritismo de Moreira que se elegeu graças à popularidade do recém lançado Plano Cruzado. O antropólogo também foi ministro-chefe da Casa Civil do presidente João Goulart e vice-governador do Rio de Janeiro, de 1983 a 1987.  Em 1990, foi eleito senador, posto em que teve destacada atuação, exercendo o mandato até a morte, em 1991, aos 74 anos.
 
Além das fronteiras
 
O prenome do autor de Utopia Selvagem, Maíra, O mulo e Migo, para citar apenas os seus romances, foi alterado para "Darci" durante algumas décadas, em conformidade com regras ortográficas então vigentes no Brasil (Formulário Ortográfico de 1943), que eliminavam a letra "y" do alfabeto. Com a volta do "y" no Acordo de 1990, a grafia "Darcy" voltou a ser aceita.
 
Entre as obras que realizou, estão a Biblioteca Pública Estadual do Rio de Janeiro, a Casa França-Brasil, a Casa Laura Alvim, o Centro Infantil de Cultura de Ipanema e o Sambódromo, que inicialmente também funcionava como uma enorme escola primária com 200 salas de aula, além do Memorial da América Latina, edificado em São Paulo com projeto de Oscar Niemeyer. Darcy contribuiu ainda para o tombamento de 96 quilômetros de belíssimas praias e encostas do litoral fluminense, além de mais de mil casas do Rio Antigo.
 
A propagação de suas ideias rompeu fronteiras. No período em que viveu fora do Brasil, escreveu os cinco volumes de seus Estudos de Antropologia da Civilização (O Processo Civilizatório, As Américas e a Civilização, O Dilema da América Latina, Os Brasileiros: Teoria do Brasil e Os Índios e a Civilização), livros que atingiram mais de 90 edições em diversas traduções. Neles, Darcy propõe uma teoria explicativa das causas do desenvolvimento desigual dos povos americanos. 
 
Como reconhecimento de sua importância, Darcy foi agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Paris IV - Sorbonne, Universidade de Copenhague, Universidade da República do Uruguai e Universidade Central da Venezuela. 
 
Como senador da República, Darcy elaborou, ainda, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1996, como Lei Darcy Ribeiro. Entre 1991 e 1992, licenciado do Senado, assumiu a Secretaria Extraordinária de Programas Especiais do Rio de Janeiro. Completou a rede dos Cieps e criou os Ginásios Públicos, um novo padrão de ensino médio. Em 1994, criou a Universidade Estadual do Norte Fluminense – UENF, sediada em Campos dos Goytcazes, destinada a ser a Universidade do Terceiro Milênio, na qual assumiu o cargo de chanceler.
 
Durante a Conferência Mundial do Meio Ambiente – a ECO 92 –, Darcy implantou o Arboretum do Viveiro da Floresta Branca, dentro do Parque Floresta da Pedra Branca.
Em 1996, publicou, pela Companhia das Letras, Diários Índios: os Urubu-Kaapor, que reproduz integralmente os diários de campo escritos em forma de cartas a Berta Ribeiro, no período de 1949 a 1951, quando era etnólogo do Serviço de Proteção aos Índios. Nesse mesmo ano, seu primeiro romance, Maíra, recebeu uma edição comemorativa pelos 20 anos, com resenhas de Antônio Cândido, Alfredo Bosi, Moacir Werneck de Castro, Antônio Houaiss, Carmen Junqueira e outros especialistas. Ainda em 1996, recebeu o Prêmio Interamericano de Educação Andrés Bello, concedido pela OEA a eminentes educadores das Américas.
                 
Imortalidade
 
A morte do acadêmico, em 17 de fevereiro de 1997, foi anunciada por um lento processo canceroso, que comoveu todo o Brasil em torno de sua figura. Darcy, sempre polêmico e ardoroso defensor de suas ideias, teve em sua longa agonia o reconhecimento e admiração até dos adversários. Já sabendo que sua doença era terminal, Darcy Ribeiro confessou no livro de memórias: "Termino esta minha vida já exausto de viver, mas querendo mais vida, mais amor, mais saber, mais travessuras". Tudo muito coerente com quem sempre se declarou um "fazedor".
 
Poucos anos antes da morte, o acadêmico publicou O Povo Brasileiro, obra na qual, dentre outras impressões, Darcy relativiza a suposta ineficiência portuguesa. 
Em seu discurso de posse para a cadeira 11 da Academia Brasileira de Letras, em 8 de outubro de 1992, Darcy deixou registrado:
 
“Confesso que me dá certo tremor d'alma o pensamento inevitável de que, com uns meses, uns anos mais, algum sucessor meu, também vergando nossa veste talar, aqui estará, hirto, no cumprimento do mesmo rito para me recordar. Vendo projetivamente a fila infindável deles, que se sucederão, me louvando, até o fim do mundo, antecipo aqui meu agradecimento a todos. Muito obrigado.
 
Estou certo de que alguém, neste resto de século, falará de mim, lendo uma página, página e meia. Os seguintes menos e menos. Só espero que nenhum falte ao sacro dever de enunciar meu nome. Nisto consistirá minha imortalidade.”
 No último ano de vida, Darcy Ribeiro dedicou-se, especialmente, a organizar a Universidade Aberta do Brasil, com cursos de educação à distância, e a Escola Normal Superior, para a formação de professores de 1º grau. Além disso, organizou a Fundação Darcy Ribeiro, com sede na antiga residência, em Copacabana. A entidade tem como objetivo manter viva sua obra e elaborar projetos nas áreas educacional e cultural. Uma de suas últimas idealizações foi o Projeto Caboclo, destinado à fixação do caboclo na floresta amazônica.
               
 
Darcy e os índios
 
Darcy Ribeiro participou ativamente do processo de criação do Parque Nacional do Xingu, junto com Marechal Rondon, Eduardo Galvão e os irmãos Villas-Boas. Preocupado com o possível desaparecimento dos povos indígenas do Centro-Oeste, no começo dos anos 50, Darcy foi conversar com Getúlio Vargas. Para tentar convencer o então presidente, falou que a natureza brasileira estava ameaçada. Os fazendeiros estavam destruindo a mata para criar pastagens. A única maneira de preservar esse pedaço do Brasil seria entregá-lo aos indígenas, que - desde sempre - souberam viver harmonicamente com a terra. Getúlio concordou e começou o processo de criação do Parque do Xingu.    
 
O antropólogo foi homenageado em um dos rituais mais importantes entre as aldeias do Alto Xingu.  Um momento de celebração, de festa, mas ao mesmo tempo de tristeza. Uma homenagem aos mortos, uma das mais antigas manifestações da cultura brasileira, realizado na aldeia Yawalapiti, no Alto Xingu, com a presença de nove etnias, acompanhado de perto pela ministra da Cultura, Ana de Hollanda. 
 
Na ocasião, a ministra Ana de Hollanda falou que o Ministério da Cultura tem tido uma relação cada vez maior com os povos indígenas, daí a importância de ir ao Xingu e viver tudo o que há de se viver no local. “É uma relação muito próxima estar no Xingu, comendo, vivendo o dia a dia dos índios, conversar, saber das necessidades, das dificuldades e saber que o Ministério pode ajudar em muita coisa. A cultura está voltada para a identidade, não só as artes, mas a expressão de um povo”. 
 
A Fundação Darcy Ribeiro realiza um trabalho voltado para as etnias indígenas do Brasil e o presidente da instituição, Paulo Ribeiro, sobrinho de Darcy, esteve presente no Quarup e falou da emoção da festa e da homenagem: “É um sentimento quase que de glorificação, de reconhecimento do professor Darcy, mesmo após 15 anos de seu falecimento. Ele foi um dos criadores do Parque Nacional do Xingu, juntamente com o Marechal Rondon e o Leonardo Villas Boas. Se não existisse o Parque, essa cultura não teria se mantido da forma que se manteve e provavelmente esse povo estaria num estágio bem mais degradável”.
 
O Xingu é um local privilegiado em relação às outras 200 etnias do país. Quando se comemora 50 anos da criação do Parque Nacional do Xingu, o reconhecimento do trabalho do antropólogo é a prova de que o esforço valeu a pena: “O ritual (Quarup) é muito significativo. Os índios pedem a Deus que receba as almas que estão presas aqui na terra, que elas subam aos céus e que descansem em paz. Sem dúvida, é a homenagem mais importante para o Darcy, mais do que qualquer comenda ou outro título já recebido”, disse o diretor da Fundação.
 
                  
Novo Mundo
 
 
Darcy Ribeiro tratou das características iniciais do território brasileiro, das terras encontradas pelos portugueses que desembarcaram pela primeira vez no ano 1500 do calendário europeu. Estas terras que se encontravam povoadas por um grande número de nações indígenas que viviam por toda superfície do Brasil, “falando línguas do mesmo tronco, dialetos de uma mesma língua, cada um dos quais, ao crescer, se bipartia, fazendo dois povos que começavam a se diferenciar e logo se desconheciam e se hostilizavam".
 
As tribos aqui encontradas eram na sua maioria do tronco tupi, cerca de um milhão de índios. Elas se encontravam nos primeiros passos da revolução agrícola na escala da evolução cultural. Já conseguiam domesticar diversas plantas. Com o cultivo da terra garantiam a subsistência do ano inteiro. 
 
É importante lembrar que as aldeias possuíam uma estrutura igualitária de convivência. Mas, por colonização de suas terras, as tribos se chocavam em guerra umas com as outras.
Ao contrário do modelo constituído pelas tribos indígenas, os portugueses invasores possuíam relações sociais baseadas na estratificação das classes, tinham uma velha experiência como civilização urbana. Com eles, veio a Igreja católica, que exerceu uma grande influência no processo de formação sociocultural do povo brasileiro. Na visão de Darcy, a Igreja exerceu um forte poder de mando, influenciando na vida dos indígenas e negros.
 
No contexto mundial, Portugal entrava na disputa pelos novos mundos, animada pelas forças transformadoras da revolução mercantil: “Esse complexo do poderio português vinha sendo ativado, nas últimas décadas, pelas energias transformadoras da revolução mercantil, fundada especialmente na nova tecnologia, concentrada na nau oceânica, com suas novas velas de mar alto, seu leme fixo, sua bússola, seu astrolábio e, sobretudo, seu conjunto de canhões de guerra”.
 
Para o índio, que passava a conviver com aquela situação, não foi nada simples compreender o que representavam aqueles acontecimentos novos. O fato é que, deste choque de culturas, surgiram concepções que os índios, por certo tempo, sustentaram como a de que os recém chegados eram deuses.
 
Para Darcy, de início, os índios ali na praia recebendo aqueles indivíduos tão estranhos, estavam espantados. Seriam até mesmo gente de seu deus Maíra: “Provavelmente, seriam pessoas generosas, achavam os índios. Mesmo porque, no seu mundo, mais belo era dar que receber. Ali, ninguém jamais espoliara ninguém e a pessoa alguma se negava louvor por sua bravura e criatividade. Visivelmente, os recém-chegados, saídos do mar, eram feios, fétidos e infectos. Não havia como negá-lo. É certo que, depois do banho e da comida, melhoraram de aspecto e de modos. Maiores teriam sido as esperanças do que os temores daqueles primeiros índios”.
 
Darcy aponta para as duas perspectivas de mundo que se chocavam. Para os conquistadores, essa nova terra era um espaço de exploração em ouro e glórias, na visão dos índios, "o mundo era um luxo de se viver, tão rico de aves, de peixes, de raízes, de frutas, de flores, de sementes, que podiam dar as alegrias de caçar, de pescar, de plantar e colher a quanta gente aqui viesse ter". Enquanto os brancos não mediam esforços para alcançar as riquezas que lhes interessavam, os índios acreditavam que a vida era dádiva de deuses bons. Na perspectiva de Darcy os brancos, para os índios, eram aflitos demais. Para os brancos, a vida era uma sofrida obrigação em todos estavam condenados ao trabalho e subordinados ao lucro, enquanto que, para os índios, "a vida era uma tranquila função de existência, num mundo dadivoso e numa sociedade solidária".
 
Darcy preocupa-se em estudar o processo civilizatório, tendo em vista situar as nações germinais dos povos latinoamericanos. 
                                                                  
                 
Cotas raciais
 
Outro enfrentamento altamente conflitivo é o que se deu por consequências predominantemente raciais. Entre as três matrizes vemos um sentimento de preconceito. Darcy diz que, para os negros de ontem e de hoje, a liberdade passa a ser uma difícil e utópica busca. Por ela, são forçados a lutar de forma constante: “Desde a chegada do primeiro negro, até hoje, eles estão na luta para fugir da inferioridade que lhes foi imposta originalmente, e que é mantida através de toda a sorte de opressões, dificultando extremamente sua integração na condição de trabalhadores comuns, iguais aos outros, ou de cidadãos com os mesmos direitos.”
 
A distância social entre ricos e pobres é, segundo Darcy, uma condição extremamente espantosa. O problema racial constitui-se numa séria questão no Brasil, especialmente o que pesa sobre os negros: “A nação brasileira, comandada por gente dessa mentalidade, nunca fez nada pela massa negra que a construíra. Negou-lhe a posse de qualquer pedaço de terra para viver e cultivar, de escolas em que pudesse educar seus filhos, e de qualquer ordem de assistência. Só lhes deu, sobejamente, discriminação e repressão. Grande parte desses negros dirigiu-se às cidades, onde encontra um ambiente de convivência social menos hostil. Constituíram, originalmente, os chamados bairros africanos, que deram lugar às favelas.”
 
Para Darcy, a possibilidade de existência de uma democracia racial está vinculada à prática de uma democracia social, onde negros e brancos partilhem das mesmas oportunidades sem qualquer forma de desigualdade. Ficaria, certamente, feliz com a Lei de Cotas, sancionada pela presidente Dilma Rousseff, que deverá ampliar de 8,7 mil para 56 mil o número de estudantes negros que ingressam anualmente nas nossas universidades públicas federais.
 
A lei determina que as universidades públicas e os institutos técnicos federais reservem, no mínimo, 50% das vagas para estudantes que tenham cursado todo o ensino médio em escolas da rede pública, com distribuição das vagas entre autodeclarados negros, pardos e indígenas. As instituições federais terão quatro anos para implantar progressivamente o percentual de reserva de vagas estabelecido pela lei, mesmo as que já adotam algum tipo de sistema afirmativo na seleção de estudantes. As regras e o cronograma para a transição ainda serão estabelecidos pela regulamentação.
 
Em toda a sua obra, o antropólogo afirmava que os brasileiros são um dos povos mais homogêneos linguística e culturalmente: “Como mestiços, na carne e no espírito, temos o desafio de firmar nosso potencial, nossos modos distintos entre todos os povos. Devemos forjar um verdadeiro conceito de povo que englobe a todos sem distinção, em todos os direitos que devem assistir a cada cidadão brasileiro”.
 
Identificamos em Darcy, de forma inconfundível, os traços fortes dos grandes pensadores latinoamericanos, principalmente no que tange a construção da ideia de uma "nação latinoamericana" mais humana, com uma nova civilização, mais "generosa, porque aberta à convivência com todas as raças e todas as culturas".
 
                                                    
 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA
 
 
 
RIBEIRO, Darcy. O processo Civilizatório: Etapas da Evolução Sócio-Cultural. 10º ed., Petrópolis: Vozes, 1987. 
_____________. As Américas e a Civilização: Processo de Formação e Causas do Desenvolvimento Cultural Desigual dos Povos Americanos. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1970. 
_____________. O Dilema da América Latina: Estruturas de Poder e Forças Insurgentes. 5º ed., Petrópolis: Vozes, 1988. 
_____________. Os Brasileiros: 1. Teoria do Brasil. Editora Paz e Terra, 1972. 
_____________. Os Índios e a Civilização: A Integração das Populações Indígenas no Brasil Moderno. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1970. 
_____________. O Brasil como Problema. 2º ed., Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995. 
_____________. O Povo Brasileiro: A formação e o sentido do Brasil. 2º ed., São Paulo: Companhia das Letras, 1996