Crônica: O sucesso da Bienal do Livro

Arnaldo Niskier
As editoras brasileiras que participaram da Bienal do Livro em São Paulo assinalaram números notáveis, nas suas vendas. Foi o que confessaram os dirigentes de editoras como a Companhia das Letras, a Sextante e a Record. Corredores abarrotados constituíram marca dessa última Bienal.
 
As multidões assinaladas, sobretudo nos fins de semana, marcaram uma presença maior de estudantes e um interesse jamais revelado. Ganharam com isso as editoras, que andam reclamando do fechamento de livrarias em todo o país.
 
Em dez dias de evento, foram exibidas obras de 683 autores nacionais, além de dezenas do país homenageado que foi a Colômbia.
 
O que se percebeu nitidamente, nessa Bienal, é o predomínio do público jovem. De um lado e de outro, para onde se voltasse a nossa vista, havia jovens uniformizados ou não, mas com um interesse concreto na aquisição de livros para levar para casa ou para a escola. Sinal muito positivo.
 
Uma emoção especial foi de responsabilidade da escritora carioca Roseana Murray, com o seu muito bem sucedido “O braço mágico”. Meses antes da Bienal ela foi vítima de um lamentável acidente na cidade fluminense de Saquarema, onde tem residência. Ao sair de casa, como sempre fazia, para dar uma volta, foi violentamente atacada por três ferozes cães pitbull, e perdeu um braço. Salvou-se por milagre. Com muita coragem, voltou às atividades, e fez questão de participar da Bienal, com o seu livro de muito sucesso.
 
Esta foi a 27ª edição  da Bienal do Livro. Um sucesso que contraria a afirmação de que os brasileiros não apreciam a leitura. Assinalaram-se lotação e recordes de vendas em diversas editoras. Foi comovente a participação de Felipe Neto, autor de “Como Enfrentar o Ódio”,  criador de um clube do livro e que falou sobre Machado de Assis, com aplausos gerais.
 
O Presidente Lula, ao contrário do seu antecessor, compareceu à Bienal e discursou em defesa da literatura: “Ler é um ato político contra toda forma de arbítrio”. Palavras do Presidente da República sempre têm uma ampla repercussão.