Diversidade e democracia
Arnaldo Niskier
Os meios intelectuais se agitaram positivamente com a posse do professor Muniz Sodré como primeiro titular da Cátedra Otávio Frias Filho de Estudos em Comunicação, Democracia e Diversidade, criada no início do ano pelo Instituto Avançado da Universidade de São Paulo, em parceria com o jornal Folha de São Paulo.
Esse fato nos trouxe uma saudável recordação, pois fui companheiro de muitos anos de Muniz Sodré na empresa Bloch Editores. Ele foi um grande repórter (eu era chefe de reportagem) e depois assumiu, com muita competência, a direção do setor de Pesquisas, servindo a todas as revistas da casa. Muniz deu uma nova dignidade a esse setor – e isso logo pôde ser notado.
Muniz, como é do seu temperamento de “baiano arretado”, quer trabalhar com outros pesquisadores na organização de um ciclo de palestras sobre diversidade e democracia, além de um livro com a colaboração de outros pesquisadores sobre esse tema.
Em palestra introdutória, Muniz Sodré falou que o povo só existe quando é politicamente inventado, ele é fabricado. Atacou o populismo e o descreveu como “filho do totalitarismo” e do “nacionalismo vesgo”, que busca manipulação das massas e legitimação de populismos autoritários.
O professor Muniz Sodré, que tem Otávio Frias Filho em alta conta, encerrou sua conferência introdutória citando um verso do poeta angolano Agostinho Neto (1922-1979): “As minhas mãos colocaram pedras nos alicerces do mundo.”
Muniz Sodré foi recebido pelo reitor da USP, Vahan Agopyan, e pelo Publisher da Folha, Luiz Frias. Considerou o momento muito estimulante para desenvolver essa parceria.
A cátedra homenageia a memória do jornalista e advogado Otávio Frias Filho (1957-2018), que liderou o processo de modernização do jornal e dirigiu a sua redação até a morte. Disse Muniz Sodré: “Penso que essa cátedra realiza o sonho acalentado por Otávio. Enfrentaremos esse desafio.”