Na escola em que leciona, o professor Merlí (série espanhola) abordou a vida e a obra do filósofo Nietzsche, que nasceu na Prússia, em 1844. Muito mimado, foi influenciado pela delicadeza e a sensibilidade feminina. Gostava de se isolar para ler a Bíblia. “Aquilo que eu não sou é, para mim, Deus e virtude.”
Segundo Nietzsche, não devemos temer as diferenças. Em vida, desempenhou a figura do super-homem. Aos 18 anos a perdeu a fé em Deus e passou o resto da vida procurando uma nova divindade. Fixou-se em Schopenhauer, que admirava também como educador. Foi um homem infeliz, que tinha adoração por Wagner. Em 1872, publicou o seu primeiro livro (o único completo), com o título “A origem da tragédia a partir do espírito da música.” Cita que Wagner nunca compreendeu o significado do medo.
Recuperou-se de uma doença quase fatal e escreveu o maior dos seus livros, “Assim falou Zaratustra”, de 1883, segundo ele, uma obra sem igual, marcante no século XIX. Zaratustra, descendo da montanha para pregar às multidões, encontra um velho eremita que lhe fala sobre Deus, mas ele pensa: “Esse velho santo, na sua floresta, ainda não sabe que Deus morreu.”
Nietzsche escreveu que todos os deuses estavam mortos: “Só existe um Deus! Não tereis outros deuses acima de mim. Assim falou Zaratustra.” Mortos todos os deuses, sugere que o super-homem sobreviva, “pois ainda há muitas casas para serem construídas”. Mas sabe que o super-homem ainda não nasceu.
É de Nietzsche esse pensamento aparentemente paradoxal: “As más virtudes dos fortes são tão necessárias, numa sociedade, quanto as boas virtudes dos fracos. Rigor, violência, perigo, guerra são tão valiosos quanto a bondade e a paz.”
Para Zaratustra, o homem é o mais cruel dos animais. Ele tinha a esperança na produção de uma nova espécie. E faz uma incrível declaração de voto: “Só acredito na cultura francesa, tudo o mais na Europa é um inacreditável mal-entendido.” Cabe aqui uma longa discussão.