Médico de múltiplas qualidades humanas e profissionais, o Dr. Meer Gurfinkel comemorou, em meio a amigos, familiares e colegas os seus primeiros 100 anos de vida. Os filhos Dora e Sílvio organizaram um bem qualificado zoom, em que todos tiveram a oportunidade de falar. Foi uma sessão muito agradável de ouvir, com discursos de médicos famosos, como Omar de Rosa Santos, Daniel Tabak e representantes das entidades promotoras do evento, como a Academia Nacional de Medicina e Academia Brasileira de Medicina de Reabilitação.
Na minha vez de falar, destaquei os nomes de três médicos judeus da mesma geração, vindo da Europa para fazer carreira no Rio de Janeiro. Além do dr. Meer, os drs. Salomão Buchmann, obstetra que foi meu sogro, e o meu tio Moisés Niskier, irmão mais novo do meu pai. Eles tinham uma notável característica comum: a generosidade. Vieiram da pobreza e perdoavam os clientes que não tinham dinheiro para pagar as consultas. Dos três só dr. Meer permanece entre nós, como o seu amigo inseparável, o meu querido primo dr. José Marcos Fisz, seu colega no Hospital dos Marítimos (hoje, Hospital do Andaraí).
Recorrendo à literatura hebraica, na minha vez de falar, desejei ao homenageado que ele chegasse, com saúde, aos 120 anos de vida, com muita saúde, como acontecera ao profeta Josué. A psicanalista Dora Harack não deixou de abordar as dificuldades do momento, criticando com a necessária veemência a falta de gente e a falta de vacinas, frutos da negligência governamental. Fez um discurso muito aplaudido, onde se encaixou todo o tipo condenável de negacionismo.
De máscara, para servir de exemplo, ao lado do neto Marcel, o dr. Meer agradeceu enfaticamente as homenagens recebidas. Com a simplicidade que marcou sua vida, transmitiu aos presentes suas lições de vida. Recordou as experiências vividas na tradicional e sempre respeitada Casa de Saúde São Sebastião, onde nasceram os meus três netos. Não houve quem não se comovesse com a bela cerimônia, em que foi também lembrada a dra. Clara Gurfinkel, amada esposa do homenageado. Ainda bem que cenas assim são acolhidas em nossos corações.’