Adeus a Ilka Soares


Arnaldo Niskier

Quando a revista “Sétimo Céu” estava no auge, na década de 50, uma das razões do seu sucesso, especialmente junto ao público jovem, era a produção de fotonovelas brasileiras. Para que isso ocorresse, dois fatores eram essenciais: bons textos, a partir de autores como Mário Lago, e atores que brilhavam nas novelas da Rádio Nacional, como foi o caso de Ilka Soares, que acaba de falecer poucos dias antes de completar 90 anos de idade.
 
Atriz lindíssima, com seus olhos claros, ganhou mais projeção ainda quando casou com o famoso ator Anselmo Duarte, formando um par de extraordinária beleza.
 
Ilka iniciou suas atividades profissionais aos 17 anos de idade, como modelo. Estrelou o filme “Iracema”, em 1949. Quatro anos depois brilhava na TV Record e em programas de rádio e como modelo da famosa Casa Canadá. Chegou à TV Globo em 1966, substituindo Norma Bengell no programa “Noite de Gala”. Como atriz fez a novela “O cafona”, de Bráulio Pedroso, em 1971, fazendo com muita propriedade o papel da editora Vera. Logo estaria na novela “Bandeira 2”, de Dias Gomes, em seguida brilhando como Valéria, mulher do bicheiro Jovelino, mas o maior sucesso foi registrado como Celeste, em “Locomotivas”. Foi a primeira produção em cores, exibida às 19 horas.
 
A versatilidade de Ilka Soares não se limitou às telenovelas. Foi aproveitada nos programas de humor da TV Globo, como “O planeta dos homens”, ao lado de craques como Jô Soares e Agildo Ribeiro. Voltou pouco depois às novelas, onde prosseguiu na sua trajetória de sucessos. O último trabalho na TV foi na série “Mandrake”, em 2007, e no cinema foi em “Vendo ou alugo”, em 2913.
 
O que se deve destacar, na personalidade de Ilka Soares, é a sua competência como artista múltipla, que soube se valer da sua beleza natural para impor um estilo que marcou época, na cena artística brasileira. Todos  sentiremos a sua falta, inclusive os que, como nós, tivemos com ela um amável convívio, nos tempos históricos das fotonovelas brasileiras da revista “Sétimo Céu”. Foi uma liderança que deixou saudade.