A procura da verdade


Arnaldo Niskier

Michel de Montaigne (1533-1592) foi um dos grandes nomes da literatura francesa. Dois dos seus pensamentos podem aqui ser lembrados:

 “À proporção que o homem exterior se destrói, o homem interior se renova.”

“Uma só coisa devemos temer: o medo.”

Montaigne fixou suas reflexões a partir de 1572. Escreveu os “Ensaios” em três livros. Ele defendeu a tese de que o homem deve buscar sempre a verdade e a justiça. Viajou pela Europa entre os anos de 1580 e 1581, procurando demonstrar a relatividade das coisas humanas.

A arte de viver deve se fundar numa sabedoria prudente, inspirada no bom senso e no espírito de tolerância. Trabalhou sobre as contradições de sua própria natureza. É o estudioso do ceticismo.

Estou me valendo de apontamentos das aulas de História e Filosofia da Educação, ministradas na então Universidade do Distrito Federal (UDF), pelo professor Tarcísio Meirelles Padilha, na década de 50. Fui seu aluno e admirador desde o concurso de cátedra, brilhantemente vencido por ele, com um trabalho sobre a ontologia axiológica de Louis Lavelle, em 1955. Segundo Padilha, toda participação na vida concreta de cada um, religiosa, moral, social, econômica, está a pressupor a participação metafísica – base sobre a qual repousa o existir na sua totalidade. A originalidade consiste em tirar daí uma filosofia da esperança, título de um dos seus livros mais apreciados, e que afirma que “o pessimismo cessa tão logo começamos agir, a pensar, a amar e a esperar.”

Entre os filósofos que tratam o tema da existência, Padilha estudou o filósofo espanhol Miguel de Unamuno. Pensador complexo e polêmico, foi novelista, poeta, dramaturgo e político. Em busca do homem existencial, tornou a filosofia cada vez mais “antropocêntrica”. Os sentimentos e as emoções dos homens passaram a ser valorizados ao lado da inteligência. Unamuno defendia a tese de que o contexto da vida é que robustece a existência e lhe dá sentido verdadeiro. Passou a ter um lugar de destaque na filosofia contemporânea.