O eterno aprendiz


Arnaldo Niskier

O Carnaval sempre nos traz lições preciosas. Não é só a maior festa popular do povo brasileiro, mas na sua portentosa realização, com chuva ou sem chuva, embute conclusões preciosas.

Veja-se o caso da tradicional Império Serrano. Desfilou debaixo de um grande toró, mas os seus valentes integrantes deram vida ao enredo que se baseava num clássico de Gonzaguinha, a conhecida música “O que é, o que é?”

A letra é extraordinariamente expressiva:

“Viver/E não ter a vergonha/De ser feliz/Cantar e cantar e cantar/A beleza de ser/Um eterno aprendiz,”

Tem um momento de grande otimismo:

“Eu sei, eu sei,/Que a vida devia ser/Bem melhor e será,/Mas isso não impede/Que eu repita/É bonita, é bonita/E é bonita”.

Tomamos a bela inspiração do filho de Luiz Gonzaga e aliamos a um elemento altamente positivo da assistência social aos nossos jovens de 14 a 24 anos (incompletos): a existência do programa do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), em todo o Brasil, que oferece aos jovens a oportunidade de acesso ao primeiro emprego. É um programa consagrado, com números ascendentes de adesão segura.

Vale ainda uma referência a Luiz Gonzaga, o rei do baião. Lembro que, no início de 60, fui enviado por Adolpho Bloch a Brasília, para fazer uma reportagem sobre a inauguração da nova Capital. Na hora do jantar, parei numa churrascaria. De repente, entra no local Luiz Gonzaga, com a sua enorme sanfona. Dirige-se ao dono do restaurante e propõe uma troca – cantaria vários dos seus sucessos se recebesse o jantar de graça. A proposta foi aceita. Assim, comi embalado pelas músicas do Gonzagão, sem qualquer aumento no preço da nota.

No Rio, números do CIEE são espetaculares: somando-se estagiários aos aprendizes (que contam com a preciosa colaboração da Fundação Roberto Marinho) temos hoje cerca de 18 mil inscritos, num resultado apreciável, sob todos os pontos de vista. Para agilizar a colocação dos jovens no mercado de trabalho, formalizamos parceiras com 3.875 empresas e com diversas instituições de ensino do Estado do Rio de Janeiro, incluindo um convênio com a Fundação Cesgranrio. Além disso, certificamos 3.500 jovens e 1.660 pessoas com mais de 40 anos, nos cursos de Inclusão Digital, reforçando nosso compromisso com a empregabilidade e com o estímulo ao uso das modernas tecnologias no mundo corporativo.

Recorrendo-se aos números e aos dados do Ministério da Assistência Social, já no atual Governo, podemos comemorar as homenagens que estão sendo prestadas ao CIEE, como entidade das mais produtivas no item assistência social. É bonito, é bonito, valorizando-se a condição de eterno aprendiz. Ganham com isso os jovens brasileiros, a política de empregos e a ampliação das oportunidades educacionais. Quem pode ser contra isso?