Joseph Safra


Arnaldo Niskier

Do convívio de muitos anos com o banqueiro Joseph Safra, posso concluir que se tratava de um homem extremamente generoso. Ele faleceu aos 82 anos, de causas naturais. Deixou no seu país de adoção (nasceu no Líbano) uma extraordinária obra social e financeira. Caberá aos seus quatro filhos prosseguir com o sucesso do Banco Safra e seus desdobramentos, todos bem sucedidos.

Dele recebemos um apoio permanente. Estivemos juntos no casamento da sua sobrinha Ester com Cláudio Szajman, e em outras oportunidades, como na palestra feita no Hotel Renaiscense, tendo como tema “A presença do judaísmo na sociedade brasileira”. Sempre muito tímido, ao lado da querida esposa Vicky, sentou-se no fundo do auditório, para não ser percebido, como era seu hábito. Mas não deixou de aplaudir o orador, depois de tudo encerrado.

Com um grande interesse por questões culturais, foi o braço direito da esposa na edição contínua da excelente revista Morashá, de artigos essenciais sobre a vida judaica. Tinha orgulho da publicação.

Joseph, que os íntimos chamavam de José, exerceu uma intensa atividade filantrópica, como aconteceu com diversos hospitais (Sírio e Libanês e Einstein) e outros tantos no Rio de Janeiro. Os seus recursos financeiros alimentaram atividades de pesquisa em nosso país, sem contar as inúmeras ações desenvolvidas no Estado de Israel. Era um conceituadíssimo benfeitor.

Além do que enumeramos, ele tinha a admiração do mundo financeiro. O meu amigo Luís Carlos Trabuco Cappi, presidente do Conselho de Administração do Bradesco, escreveu um bonito artigo, na “Folha de São Paulo”, afirmando que o seu nome se inscreve na geração de banqueiros por vocação. E mais: “Ele pertenceu a uma estirpe, da qual também fizeram parte homens como Amador Aguiar, Walter Moreira Salles, Olavo Setubal, Lázaro de Mello Brandão e Aloísio Faria. Safra foi um ícone entre seus pares pela liderança silenciosa que exercia, baseado sempre na credibilidade.”

Vamos ter saudade de Joseph Safra. Dos seus preciosos conselhos, como os recebidos ainda na “Manchete”, que ele gostava de frequentar, para papos memoráveis com Adolpho Bloch. Que Deus o acolha com o carinho merecido.