O jornalista pernambucano Mário Filho tinha três irmãos(Augusto, Paulo e Nelson Rodrigues). O trio era torcedor do Fluminense. Mário tinha pendor pelo Flamengo. Para não contrariar os irmãos, dizia-se torcedor do Fla-Flu, expressão que ele, como cronista esportivo, popularizou nos seus apreciados textos em “O Globo” depois quando criou e dirigiu o “Jornal dos Sports”.
Quando Mário Filho deixou “O Globo”, junto com os irmãos, para escrever na “Manchete Esportiva” (Bloch Editores) deu-se o nosso encontro profissional. Eu era assistente do diretor Augusto Rodrigues e uma das minhas incumbências era passar a limpo o texto escrito à mão pelo irmão mais velho dos Rodrigues. Ele saía do Maracanã, após o clássico dos domingos, e deixava suas laudas na rua Frei Caneca, à minha disposição. O esquema funcionava sempre muito bem. Já na ocasião, existia o Estádio Jornalista Mário Filho, homenagem a quem lutara bravamente pela localização do “maior do mundo” no antigo Derby. Isso não se fez sem muita luta. O jornalista Carlos Lacerda insistia para que o estádio fosse para Jacarepaguá. Foi derrotado.
O Fla-Flu agora é numerado. Já são 431 jogos, com largo predomínio do Flamengo, a partir do ano de 1922, quando o time rubro-negro venceu por 3 a 2. A vocação literária de Mário Filho não ficou adstrita aos jogos que ele narrava como ninguém. Fez também um livro épico – “O negro no futebol brasileiro” – hoje considerado um clássico do nosso futebol.
Vestiram a camisa do Flamengo craques como Leônidas da Silva (o Diamante negro”), o inventor da bicicleta, o extraordinário zagueiro Domingos da Guia e o atacante Rubens (o Dr. Rubis). Mas esse registro histórico passa também pelos goleadores Zico e Bebeto. Foi um clube de campeões do campeonato brasileiro do ano passado.
Por todos os fatos aqui narrados, não se pode entender a razão da troca de nome no Estádio do Maracanã. Em tempos de pandemia, certamente haveria muito mais o que fazer do que trocar o nome do nosso templo futebolístico, por mais que Pelé mereça todas as homenagens.