Em conversa com o professor Paulo Pimenta, que foi meu braço direito quando exerci o cargo de Secretário de Estado de Cultura, no governo Rosinha Garotinho, foi possível recordar uma das nossas belas iniciativas: a criação do Projeto Oscarito, que batizei para homenagear o grande cômico do cinema brasileiro. Nasceram em pontos estratégicos dezenas de salas de cinema, como a que foi localizada no Jacarezinho, uma densa região do Rio de Janeiro.
Já então, nos idos de 2005, havia a notícia de que muitos jovens, pela falta de boas oportunidades de trabalho, estavam se entregando ao tráfico de drogas. Era preciso criar alternativas de emprego. Foi o que fizemos, com razoável sucesso. Na ocasião, dos 92 municípios fluminenses, somente 23 tinham salas regulares de cinema, o que exigia uma providência governamental. Foi aí que nasceu a nossa iniciativa. Foram criadas salas populares, utilizando a modernidade do DVD, em regiões como Belfort Roxo, São João do Meriti, Japeri, Carapebus, Mesquita, Engenheiro Paulo de Frontin e Mangueira.
Nos dias de inauguração, sempre que possível, eu levava comigo algum grande nome da sétima arte, como aconteceu com Nelson Pereira dos Santos, Cacá Diegues e Sílvio Tendler, este último meu vizinho de prédio nos tempos de Tijuca (rua Hadock Lobo).
Apresentávamos 62 filmes em sistema de rodízio, com o preço simbólico de 1 real o ingresso, incluindo sessões diárias e matinês. Lembro de alguns filmes: “Os anos JK”,“Chico Buarque e as cidades,” “ O noviço rebelde” (com os Trapalhões) “Jubiabá,” “O auto da compadecida” (grande obra do acadêmico Ariano Suassuna), “Central do Brasil” etc. Quem assistiu, certamente, jamais esquecerá dessas homenagens aos grandes nomes do cinema brasileiro.
Aproveitamos a oportunidade para dar o nome abençoado de figuras importantes do cinema a tais salas: Zelito Viana, Ankito, Anselmo Duarte, Luís Carlos Barreto, etc. A maior homenagem, na ocasião, foi prestada ao imortal Nelson Pereira dos Santos, que, voltou à favela do Jacarezinho, onde estivera em 1954 para as filmagens do consagrado “Rio, 40 graus.” Uma lembrança inesquecível, aquecida pelos acontecimentos lamentáveis que resultaram na morte violenta de 28 pessoas no Jacarezinho. Foi a operação policial de maior letalidade na história do Rio.