Uma nova forma de advogar


Arnaldo Niskier

A existência da Internet trouxe para a advocacia procedimentos inusitados. O contato pessoal, sempre tão necessário, deixou e ser uma imposição. Agora é possível promover o relacionamento com o emprego das ferramentas trazidas pela modernidade, embora elas nem sempre estejam disponíveis, especialmente em cidades do interior. Se isso acontece na educação, por que não correria também no exercício do Direito?

O tema foi muito discutido no zoom promovido pelo Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), por motivo do seu 177º aniversário. O orador da cerimônia, Dr. José Roberto Batochio, falou sobre “uma democracia híbrida” que é aquela com que nos acena o futuro. Foi aplaudido pelas centenas de advogados que prestigiaram a solenidade virtual, na qual tive o privilégio de representar a Academia Brasileira de Letras.

São duas instituições centenárias. O IAB é mais antigo, criado por D.Pedro II, em 1823, enquanto a ABL é de 1879. Há uma diferença de 56 anos entre elas. Têm propósitos comuns, quando se trata de defender ardorosamente a democracia e uma das suas conseqüências mais diretas, que é a sagrada liberdade de expressão.

Um irmão mais velho (Odilon), infelizmente sacrificado pelo coronavírus-19, teve participação intensa na vida do IAB. Fazia isso com uma felicidade imensa. Já a ABL sempre contou em seus quadros com advogados ilustres, como foi o caso de Rui Barbosa (seu segundo presidente), Joaquim Nabuco, Afonso Arinos de melo Franco, Evaristo de Moraes Filho e Oscar Dias Correa, para ficar só nesses cinco. O último dos citados foi um brilhante professor e membro do Supremo Tribunal Federal. Tive a honra de ser seu colega no Conselho Universitário da Universidade do estado do Rio de Janeiro.

A cerimônia do IAB, bastante longa, foi presidida pela Dra. Rita Cortez, a primeira mulher a ocupar o seu posto máximo, o que faz com indiscutível competência. A sua preocupação é que a instituição não se perca na confusão da modernidade. Ao falar no encerramento, muito homenageado, o Ministro Luís Roberto Barroso citou a necessidade de uma educação básica de qualidade e estimou para o IAB o papel de farol da preservação da democracia.