Uma nova sala de aula


Arnaldo Niskier

Sou do tempo em que o professor colocava no quadro-negro a giz os seus conhecimentos, para facilitar o trabalho de cópia dos seus alunos. Quanto tempo 
perdido! Hoje, há como que uma linguagem teatral, nessa relação, o que anima o 
interesse pela aprendizagem. Existe a disseminação docentes” ou até há pouco “animadores culturais”.
 
Nem se pode afirmar que a existência da linguagem teatral é uma grande inovação, pois era assim que o padre José de Anchieta, agora transformado em santo, nos primórdios da nossa civilização, operava com os seus alunos, em geral índios analfabetos.
 
Conteúdos de Matemática, Física e Português, por exemplo, são transformados em peças teatrais, no segundo segmento do ensino fundamental ou até no ensino médio, transmitindo conhecimentos de forma clara e criativa. É comum utilizar contos de Machado de Assis, nessa operação, como também obras de Bertold Brecht, como “A vida de Galileu”. Ou estímulos como os que se encontram em bem urdidas Maratonas Escolares de Redação, como as que são feitas no sistema público do Rio de Janeiro, abordando obras de escritores como Érico Veríssimo, Graciliano Ramos, Moacyr Scliar e Rachel de Queiroz.
 
Não raro, quando estendidos esses trabalhos a atividades extraclasse,pais, professores e alunos confraternizam, na emoção dos resultados apresentados. 
Isso estreita a afetividade entre todos esses elementos, com redescobertas bastante expressivas. Infelizmente, usamos muito pouco a educação artística, prevista na LDB, como uma ferramenta de grande utilidade, no processo ensino-aprendizagem. Jogos teatrais ajudam a fixar conteúdos, desde que os professores estejam devidamente preparados para esse emprego.
 
Numa escola da Fundação Bradesco, foi apresentada a peça “Romeu e Julieta”, com os textos utilizando conceitos matemáticos abstratos. Isso é original e certamente apresenta resultados altamente positivos.
 
Tenho uma neta, Bruna, que estuda no 9o ano de uma escola carioca. Entrevistei-a sobre o tema dessa palestra. Ela manifestou ampla concordância com a tese de que devemos utilizar os tablets em sala de aula. Isso não se faz em maior escala, disse-me a Bruna, porque muitos professores não dominam o assunto, hoje conhecido de praticamente todos os alunos. São palavras da neta: “Se o professor não sabe, deveria aprender. Seria bom prá todo mundo.”
 
Ela reclamou do tempo que se perde em Geometria, por exemplo, com os mestres escrevendo a lousa o tempo todo. Em aulas de Geografia e História, o uso de 
imagens como as que se encontram fartamente nos computadores ajudaria muito a 
compreender melhor temas intrincados.
 
A revolução que se espera, na escola brasileira, pode estar mais perto do que 
nunca. Espera-se para 2015 uma aplicação mais intensa da tecnologia digital, inclusive com a adesão do próprio Ministério da Educação. Programas conectarão o computador ou tablete do professor aos equipamentos dos seus alunos. Por outro lado, haverá a ampliação da oferta mais constante de produtos educativos contendo vídeos e imagens tridimensionais, facilitando em computadores, tablets e smartphones (IOS e Android) o aprendizado em Ciências, Geografia, Biologia e Química. Com essas imagens o professor pode explicar melhor assuntos complexos, tendo a sua missão facilitada.
 
É claro que a música pode ter um papel fundamental nesse processo, dado 
o impacto que provoca no universo da juventude. Já existe uma plataforma intitulada “Universo do Som” que ajuda na iniciação musical. E para o livro, nisso tudo, se reserva a missão de destaque, como instrumento insubstituível de cultura.