Diego, o educador do ano


Arnaldo Niskier

Ao saudar o professor escolhido como “Educador do Ano 2015”, evento promovido pela Academia Brasileira de Educação, o seu presidente, Carlos Alberto Serpa de Oliveira, disse que estava esperançoso de que o exemplo frutificasse em todo o país. Trata-se de Diego Mahfouz Faria Lima, diretor da Escola Municipal Darcy Ribeiro, de São José do Rio Preto (SP).



Trata-se de um estabelecimento de ensino de 800 alunos, onde se operou uma verdadeira revolução, a partir da chegada de Diego. Antes dominada pela violência, o desrespeito, a presença de drogas e péssimos resultados pedagógicos, a escola acabou passando por um enorme processo de transformação – e isso tudo devido à atuação do professor Diego Mahfouz Faria Lima. Natural da cidade de Paranaíba (Mato Grosso do Sul), ele topou o desafio de assumir a direção da escola-problema. Primeiro mapeou as dificuldades que deixaram o estabelecimento como último colocado num ranking de 300 km de raio. Visitou exaustivamente a comunidade, pediu doações, colocou todo mundo para reformar as salas de aula (muitas delas queimadas por incêndios criminosos), convenceu os professores a participar disso tudo, para alegria do prefeito Waldomiro Lopes, que elogiou, na cerimônia realizada na Casa de Cultura Julieta de Serpa a alma de educador de Diego, seu amor nas relações com os alunos antes revoltosos.
 
Diego demonstrou grande criatividade e uma enorme capacidade gerencial. Mudou completamente o panorama interno da escola, que assinalava a existência de uma média de 60 suspensões por semana. Tudo isso foi substituído por um diálogo permanente, inclusive com os pais. As famílias passaram a se sentir responsáveis ao lado do Poder Público pela educação dos filhos. Hoje, em São José do Rio Preto não há um só menino de rua, pois todos foram resgatados, com um pormenor: o exemplo do “Darcy Ribeiro” se estendeu para outras escolas públicas. Na cidade não há mais lugar para a Pedagogia da Violência.
 
Foi desenvolvida uma trilogia abençoada (Ensino, Ciência e Cultura), com diversos projetos que deram certo, como os de música e teatro, com a intensa presença do alunado. Diego fez nascer a Camerata Jovem Beethoven e surgiram talentos expressivos na música clássica, antes abandonada.

A ciência e a tecnologia foram também valorizadas: as crianças e os adolescentes passaram a se destacar por descobertas incríveis, numa notável e bem sucedida transformação. O segredo disso tudo passou também pelo estilo simples e sério de Diego Mahfouz, que se tornou um exemplo a ser imitado. Reportando-se a um dramático acidente de carro, sofrido há oito anos pelo diretor (formado em Pedagogia), em que escapou milagrosamente da morte, o prefeito declarou que Deus gosta de
Diego e do seu estilo. Na verdade, concluiu ele: “queremos um Diego em cada escola do país”. Uma escolha acertada para o “Prêmio Fernando de Azevedo” relativo ao ano de 2015.