Se há alguns números favoráveis em matéria de educação, como é o caso da universalização do ensino fundamental, o mesmo não pode ser proclamado em relação à qualidade. Ela é precária em todos os níveis. Há uma espécie de estagnação, como se viu no último exame do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) realizado, tendo por referência o ano de 2018.
A realidade é bem triste: cerca de 43% dos participantes brasileiros não aprenderam o mínimo necessário nas três áreas testadas: leitura, matemática e ciências. O teste abrangeu 78 países. As colocações vão perdurar até o ano próximo, quando haverá uma nova edição do Pisa. Será que os 10 mil brasileiros de escolas públicas e particulares, que representam o nosso país, com idades entre 15 e 16 anos, vão obter uma classificação melhor? Não há como prever o que pode acontecer.
No quesito leitura, fizemos 413 pontos (57º lugar do mundo). Em matemática, chegamos somente a 384 pontos (70º) e em ciências foram 404 pontos (64º). Como se vê, há muito o que fazer para modificar esses números. No primeiro caso, é essencial criar mais bibliotecas públicas. Valorizar o ensino da matemática deve ser também uma preocupação, no mundo cada vez mais dominado pela digitalização. E a ciência deve crescer com a existência de laboratórios adequados. Só assim se poderá modificar o atual quadro de estagnação. Haja recursos para tudo isso.
Temos uma chance concreta de reversão desse quadro com a implantação sonhada da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Como aconteceu nos países desenvolvidos, os avanços foram assinalados quando se deu prioridade à formação e à adequada remuneração dos respectivos magistérios. Foi o caso da China, Singapura e Macau (ex-colônia portuguesa) que hoje se encontram nos primeiros lugares do ranking. Sem a prioridade dada aos professores, nesses países, seria impossível comemorar esses feitos.
Nossos índices, em comparação com outros países, são, na verdade, lamentáveis. É hora de reagir, apesar dos obstáculos criados pela pandemia.