Crônica: A atração pelo Teatro Infantil

Arnaldo Niskier
Nos anos 80, com o apoio de empresas como a White Martins, a Coca-Cola, o Banco Bandeirantes e o IRB,  resolvi  investir na produção e montagem de peças infantis. Não posso afirmar que todas eram de minha autoria, pois nessa coleção havia também um notável trabalho de Rachel de Queiroz (“O menino mágico”, montado com muito sucesso no Teatro Villa-Lobos).
 
Mas a maioria saiu da minha inspiração, a partir de “A Constituinte da Nova Floresta”, que estreou no Teatro Copacabana, seguindo a trilha aberta pelo livro de mesmo título que eu tinha acabado de lançar. A direção, muito competente, foi de José Roberto Mendes, com quem afinei desde os primeiros momentos de parceria.
 
Depois veio, no Sesc Tijuca, “O saruê astronauta”, com músicas inspiradíssimas de  Tom da Bahia e figurino do craque Joselito. Ficou vários meses em cartaz, com muito sucesso, seguindo as pegadas do livro que escrevi com o mesmo título. Essa peça foi um êxito também em Belo Horizonte, no Teatro Marília, com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura e do INACEN. Foi a minha primeira experiência fora do Rio de Janeiro.
 
Aproveitando as ideias do meu livro intitulado “O boto e o raio de sol” (Edições Melhoramentos), lançamos no Teatro da  Cidade, no Rio, mais essa peça, que teve a direção de Ana Maria Nunes e letras de música da minha inesquecível amiga Lia Silva Mendes, êxito renovado.
 
A série não terminou aí, pois chegou a vez da apreciada história de “O dia em que o mico-leão chorou”, peça levada no Teatro Benjamin Constant, com uma grande atração: Grande Otelo. Ele fazia, com a competência de sempre, o papel do Pagé. Desconhecendo limitações da idade, dava cambalhotas e fazia piruetas no palco, para delírio da plateia.
 
A história das minhas peças de teatro infantil não termina aí. Foram sem conta as exibições em escolas públicas e particulares do Rio de Janeiro, mostrando que essa é  uma atividade muito rica em termos de valorização cultural.