Crônica: Viva a matemática
Arnaldo Niskier
“Professor, por que a Matemática é tão difícil?”
Eu estava dando uma aula sobre Análise Combinatória, numa escola de ensino médio do Rio de Janeiro(Veiga de Almeida) e a aluna me surpreendeu com a sua indagação. Tive que explicar que não era bem assim, tudo dependia de como a matéria era focalizada, deveríamos começar pelas questões mais simples, e aí tudo seria mais fácil. Ela pareceu se convencer.
Tive a honra de aprender com grandes mestres, na Faculdade de Educação da UERJ (Instituto de Matemática).
Sou fã de Marcelo Viana, diretor do Instituto de Matemática Pura e Aplicada, um grande colaborador da “Folha de São Paulo”.
Não posso deixar de citar professores como Haroldo Lisboa da Cunha, Luís Caetano de Oliveira, Bayard Demaria Boiteux, Dora Waga Genes, Arcy Tenório d’Albuquerque, Saulo Diniz Swerts e outros mais, responsáveis pela qualidade indiscutível das ações desenvolvidas na UERJ. Serão sempre lembrados.
A grande ferramenta desse trabalho de convencimento dos alunos é o uso adequado de livros escolares. Sob esse aspecto, o país tem o Programa Nacional de Livros Didáticos, que funciona muito bem. A escolha é feita sempre por um naipe de bons professores e o MEC compra quantidades incríveis, para distribuição em estados e municípios. No meu caso, no ano de 73, por exemplo, cheguei a vender 10 milhões de livros do título “A nova matemática”, em parceria com a saudosa professora Beatriz Helena Magno, Edições Bloch. Era de se ver o contentamento do Adolpho Bloch quando comentou que jamais poderia supor a alegria de ver as suas poderosas rotogravuras Albertina (alemãs, trazidas para rodar a Manchete), mas também sendo usadas para imprimir livros didáticos.
Somos sempre influenciados por pessoas mais idosas, nas nossas escolhas profissionais. No meu caso, foi o irmão mais velho, Sylvio Niskier, que foi professor de Geometria Descritiva da Politécnica de São Paulo, Mackenzie e Instituto Mauá. Ele era um apaixonado pela matéria, enquanto figurava nos currículos dessas instituições. Sylvio era um brilhante engenheiro e professor dedicado, amado pelos seus alunos, segundo uma vez me disse a Dra. Esther Figueiredo Ferraz, professora do Mackenzie e que foi a primeira mulher a ocupar o Ministério da Educação.