Viva a Língua Portuguesa


Arnaldo Niskier

Hoje, a língua Portuguesa é falada por quase 100 milhões de pessoas. Desse total, o Brasil é responsável por mais de 70%, o que dá bem a dimensão da nossa responsabilidade. Os outros 30% ficam por conta de Portugal, Angola, Moçambique, cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Sem contar as antigas colônias portuguesas, como Goa e Macau, além dos que emigraram para países como os Estados unidos, onde há um número expressivo de falantes da língua de Camões e Machado de Assis.

Temos 25 milhões de brasileiros com mais de 16 anos com acesso à internet, portanto conhecendo satélites, parabólicas e computadores, o que é um avanço, mas precisamos progredir na engenharia de software, que é uma forma de valorizar a nossa língua. Somos inteiramente favoráveis ao acordo ortográfico de unificação, assinado pelo então presidente Lula, em 1980, na Academia Brasileira de letras, com a adesão de outras nações lusófonas.

Certos setores reacionários, sobretudo em Portugal, querem mexer no acordo, a pretexto de simplificar certas questões ortográficas. Sinceramente, como disse ao meu amigo, acadêmico português António Valdemar, achamos a ideia inoportuna. Vai mexer num vespeiro.

Nessa época de lives que se sucedem, como forma de comunicação substituta, devemos também pensar no que se chama de podcast, para potencializar o emprego do rádio. Temos em nosso país mais de 3 mil emissoras, espalhadas por todo o nosso imenso território. Já imaginaram o que isso representa como virtualidade?

Como membro do Conselho Técnico da Confederação Nacional do Comércio de bens, Serviços e Turismo, tive o privilégio de conviver com suas figuras notáveis da nossa cultura: o ex-ministro Ernane Galvêas e o economista Gilberto Paim. Deste recebi o prefácio do livro “Língua Portuguesa, uma paixão”, editado em 2009, em que ele afirmou: “A educação para o trabalho deixou o tempo das especulações pedagógicas para constituir-se em matéria de interesse político e nacional, dada a evolução da sociedade brasileira. Precisamos de técnicos de formação pós-secundária.” São cursos que chegaram a ser criados pelo Conselho Estadual de Educação do Rio de Janeiro, por sugestão de Carlos Alberto Serpa.