A convite do ex-Ministro Ernane Galvêas, fiz uma conferência sobre o ensino da Matemática, no Conselho Técnico da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo. Lembrei os bons tempos em que me formei na ciência do raciocínio, na antiga e saudosa UERJ. Hoje, quero dar voz aos amigos que falaram, depois da conferência, com comentários que me deram grande prazer. A começar pela conselheira Olga Simbalista: “Eu nunca poderia imaginar que alguém fizesse uma palestra tão bonita sobre Matemática, assunto árido, mas que é da minha predileção. Uma coisa que também me fascina é o alfabeto maia. Ele é mais sutil que o alfabeto arábico. Foi assim que os maias conseguiram ter aquele calendário que vai a milhares de anos, com uma precisão da matemática moderna.”
Depois foi a vez de Aspásia Camargo. Disse que a Matemática é a mais inteligente das ciências, embora os seus professores gostem em geral de ser sádicos (gostam de torturar os alunos). “Deveria se dar vez a uma Matemática mais livre e criativa, de jogos, de coisas inteligentes como essas que o Arnaldo nos mostrou aqui.”
Aurélio Wander Soares falou na habilidade e na sabedoria do orador. Citou a Teoria Pura do Direito, de Hans Kelsen: “O Direito é uma ciência abstrata e tão pura quanto a Matemática.”
O economista Julian Chacel, figura importante da Fundação Getúlio Vargas, sentado numa mesa que tem a forma de elipse, sentiu falta de uma referência a René Descartas e a sua geometria analítica: “Nós vivemos muito no mundo das ordenadas e abscissas.”
Já o embaixador Marcos Azambuja elogiou muito a conferência, que chamou de extraordinária. “É uma das formas mais altas do talento humano.” Aproveitou para elogiar o Instituto de Matemática Pura e Aplicada do Brasil: “É uma das poucas entidades do nosso país de reputação verdadeiramente internacional.” Mencionou que o Brasil é um país lúdico, que joga no “bicho”, que aposta na loteria esportiva, na Sena, o brasileiro vive jogando matematicamente: “Somos um país rítmico, numérico e absolutamente voltado para isso.
Antônio Celso Alves Pereira, que foi reitor da UERJ, fez um comentário muito simpático sobre a biografia do orador: “Lembrei com muita emoção de todos os nomes que você citou, nos tempos gloriosos da UERJ. Suas aulas eram concorridíssimas, professor brilhante que foi... Fiquei com saudade, pois hoje vejo praticamente a destruição daquela universidade. Muitos professores se bandearam para as universidades federais. E faltam professores de Matemática no Brasil. É algo profundamente lamentável em disciplinas como Matemática, Física, Química, História e Geografia. O Brasil está mergulhado num caos total no ensino das licenciaturas. Não posso concordar com esse quadro.”
Depois, foi a vez do embaixador José Botafogo Gonçalves: “Num mundo anti-pitagórico, estamos matando a Matemática e a Música, pois nenhuma das duas está funcionando devidamente em nosso país. No caso da primeira delas, sugiro utilizar noções básicas de Contabilidade, para a sua valorização.
Quando chegou a vez de Rubens Cysne, da FGV, ele explicou que já conhecia a contribuição de Arnaldo Niskier no campo da Educação: “Fiquei ainda mais seu admirador pelo que fez também na área da Matemática.”
Fez a homenagem que cabia: “Eu me inscrevi entre os oradores para lembrar a memória do professor Elon Lages Lima, que faleceu em maio, vinte anos depois da morte de outro grande matemático brasileiro, que foi o professor Mário Henrique Simonsen. Ambos deram grande externalidade à nossa Escola de Pós-graduação em Economia, onde ensinaram inúmeros professores do IMPA, como os dois citados e mais César e Maria Isabel Camacho, além de Lindolfo Dias. Foi quando grandes engenheiros migraram para a Economia. Isso gerou uma grande discussão. Devia-se estudar equações dificílimas ou ensinar a pensar? Foi vitoriosa a tese de que o melhor seria ensinar a pensar, como defendia o professor Elon.”