Foi em boa hora que o neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho resolveu lançar o seu livro “No labirinto do cérebro”, já na lista dos mais vendidos. Muitos mistérios com os quais lidamos ali estão elucidados, a partir de casos concretos, sempre contados pelo autor com graça e sabedoria.
Numa bela entrevista ao programa “Identidade Brasil”, no Canal Futura, o médico ilustre, depois de afirmar que “é um perigo estar vivo”, abordou as lembranças do trabalho de muitos anos na Santa Casa de Misericórdia e os atuais esforços no Instituto Estadual do Cérebro do Rio de Janeiro, com o amparo nos seus vastos conhecimentos de neurociência.
Segundo o dr. Paulo Niemeyer Filho, “a ciência médica tem sido muito beneficiada, de 1970 para cá, com o nascimento da ressonância magnética, da tomografia computadorizada e as descobertas da imunologia. As chances de cura foram muito ampliadas.”
Discordou do pensamento de Freud (“as palavras servem para esconder a verdade”) e discorreu sobre o valor das células-tronco. Lembrou que os lobos frontais funcionam como um maestro, acionado os hipocampos. Valorizou, e muito, o uso da memória e achou natural que, a partir de uma certa idade, possamos esquecer nomes próprios: “Esse cansaço é mesmo esperado.”
Aproveitei para contar um episódio, por mim vivido no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Antes da ópera, um cidadão, de efígie conhecida, aproximou-se euforicamente de mim e me cumprimentou: “Arnaldo, como é meu nome?” Como eu não me lembrava mesmo, saí com essa resposta: “Se você não lembra, como é que eu vou saber?” A minha mulher, que assistiu à cena, riu muito.
Voltando ao dr. Niemeyer, ele aposta nos resultados da vacina que vem por aí: “Confio muito no que ela representará, assim como prevejo uma nova era para a medicina, com os efeitos dos conhecimentos da biologia molecular e da engenharia genética.”
Antes de concluir, falou ainda da antiguidade da epilepsia, das origens do mal de Parkinson e da esquisofrenia. Eu estava preparado para citar o livro “O alienista”, de Machado de Assis, mas não houve tempo. Ficou para uma outra oportunidade.