Ruy Altenfelder é membro do Conselho de Ética da Presidência da república. Foi durante muitos anos presidente do benemérito Centro de Integração Empresa-Escola, onde sua atuação caracterizou-se sempre por um denodado esforço pelo bom uso dos princípios de Ética e Moralidade.
Esse objetivo vêm desde a aprovação da Constituição de 1988. Tive o ensejo de conviver com duas figuras notáveis desses tempos: Ulisses Guimarães, presidente da Câmara dos Deputados e que foi me buscar um dia, na sede da Manchete em Brasília, para um almoço particular em que tudo isso foi longamente debatido; e Bernardo Cabral, deputado que foi o competente relator da chamada “Constitução Cidadã”. De ambos veio sempre a orientação para que não se descuidasse da preservação dos freios éticos da Carta magna.
Altenfelder, com quem convivi no comando do CIEE defende a ética pública enquanto os cidadãos têm o direito de exigir dos governantes os deveres da ética privada (conteúdos e condutas). Desde 1999 foi criada no Brasil a Comissão de Ética Pública, vinculada ao presidente da República responsável pelo Código de Conduta das autoridades no âmbito executivo federal. Se a Constituição juridicizou a ética, no centro das considerações morais da conduta humana está o eu, conforme lição da escritora Hannah Arendt. Como esclarece Ruy Altenfelder, no “Correio Braziliense” de 20 de maio de 2020, “A comissão de ética pública vai além de alertar o Poder Executivo. Tem ainda a função de afastar o ceticismo e a desconfiança da sociedade com os poderes, públicos. Deve lutar para que a postura impere em toda a administração.”
A ética de Aristóteles é uma ramificação da lógica. Um extremista poderia chamar a Ética de a melhor coleção de trivialidades em toda a literatura. Os professores de Oxford consideravam a Ética infalível. Durante 300 anos, esse livro e a Política formaram a mentalidade governante inglesa. Só há três sistemas de ética: um é o de Buda e Jesus, que salienta as virtudes femininas; outro é a ética de Maquiavel e Nietzshe (salienta as virtudes masculinas); o terceiro é a ética de Sócrates, Platão e Aristóteles (só a mente informada e madura pode julgar). Segundo Spinoza, a sua ética reconcilia essas filosofias aparentemente hostis.