Os miseráveis


Arnaldo Niskier

“Não há ervas daninha, nem homens maus. Há apenas os que não sabem cultivá-los.”

Essa é uma das frases do escritor Francês Victor Hugo (1802-1885), autor do clássico “Os miseráveis”, lançado em 1862, e que se tornou uma das maiores obras – primas de literatura mundial.

Conta a história de Jean Valjean e do impiedoso policial Javert, que não perdoa o fato de o nosso herói ter violado os princípios da liberdade condicional, depois de 19 anos de prisão (por ter roubado o pão de uma loja, para dar de comer aos seus sobrinhos famintos). Aqui se coloca igualmente uma dura crítica ao sistema judicionário então existente na França.

Nos tempos de pandemia, pude assistir ao extraordinário filme britânico-americano, elaborado sob a direção de Tom Hooper, com a participação de notáveis artistas como Hugh Jackman, Russell Crowe, Amanda Seyfried e Anne Hathaway. A película é grandemente valorizada pela música de Schönberg.

Foi uma grande emoção acompanhar essa história, depois de já ter assistido à sua versão teatral, em versões nas cidades de Londres, Nova Iorque e São Paulo, sempre com extraordinário êxito. As músicas são lindas e as letras altamente expressivas, como acontece no “Amor, sublime amor”. Não se pode esquecer esse presente dos céus.

Jean Valjean procura se redimir do passado pecaminoso e adota a filha da prostituta Fantine. Protege a jovem Cosette, a quem se afeiçoa muito. O filme é uma condenação a todos os tipos de injustiça humana.

Acolhido por um bispo, rouba seus castiçais, mas é perdoado. E resolve mudar de vida, tornando-se bom e generoso. Assume a direção de uma fábrica, numa pequena cidade da Alemanha. A história termina com o suicídio de Javert. Quando morre, Valjean se reencontra no céu com a amiga Fantine. É tudo muito comovente.

Visitei por duas vezes a Casa Victor Hugo, no bairro de Marais, em Paris. A França sabe preservar os seus ídolos, o que nem sempre acontece conosco.