Tempo de reconstrução


Arnaldo niskier

Ao tomar posse na presidência da Academia Brasileira de Letras, o jornalista Merval Pereira fez uma rememoração dos outros imortais que tiveram essa mesma honra, na Casa de Machado de Assis. Falou das dificuldades do mundo de hoje, criticou a pouca importância do governo central pelas questões culturais, e concluiu afirmando que estaremos vivendo “um tempo de reconstrução”.

A cerimônia foi enriquecida pelo recital da cravista Rosana Lanzelotte, com peças históricas de Ernesto Nazareth e Domenico Scarlatti, e com a entrega do Prêmio Machado de Assis ao jornalista Ruy Castro, da “Folha de São Paulo”, pelo conjunto das obras, entre as quais “Chega de Saudade” e “Ela é carioca””.

Merval fez questão de ressaltar que, apesar dos seus 125 anos bem vividos, a Academia tem se mantido, de forma inflexível, apartidária. Isso não impediu que dos seus quadros fizessem parte políticos do porte de Getúlio Vargas, José Sarney, Afonso Arinos de Melo Franco e Marco Maciel, entre outros, que souberam manter suas atividades longe da política acadêmica partidária.

A pretensão de Merval é unir a tradição à modernidade. Visa também a atuação da ABL nos meios digitais. Lembrou dos dois flagelos que se abateram sobre a humanidade: a crise humanitária que tanto mal fez à educação e a guerra na Ucrânia. “Com a união nas democracias do mundo inteiro na luta diária contra o mal, a ABL representará uma trincheira a favor da arte, da ciência e da paz.”

Em breve voltarão a acontecer os ciclos de conferências, infelizmente interrompidas por causa da pandemia. Além disso, novos acadêmicos responderão por atividades especiais. Fernanda Montenegro fará leituras de Nelson Rodrigues no teatro da ABL e os demais que entraram agora terão tarefas que certamente serão muito apreciadas. Na posse, Merval Pereira pediu ao acadêmico Arnaldo Niskier, vice-decano, que entregasse o diploma do Prêmio Machado de Assis ao escritor e jornalista Ruy Castro. Foi uma noite muito bonita.