Com o seu auditório lotado, a Academia Brasileira de Letras iniciou o ciclo sobre a educação brasileira, com a palestra (muito bem sucedida) do professor Carlos Alberto Serpa de Oliveira sobre “Perspectivas do ensino superior.”
Ao final, ficou decidido que as conclusões do ciclo, que terá ainda as conferências de Simon Schvartzman e Celso Niskier, serão encaminhadas ao governo brasileiro, como preciosa contribuição.
O prof. Serpa, que é presidente da Fundação Cesgranrio, produziu pensamentos sobre os quais convém refletir, como a ideia de que devemos desenhar a sociedade pós-industrial que valoriza o ser humano. Para ele, sucesso é sinônimo de competitividade, partindo do princípio de que “o século XXI é marcado pelo empreendedorismo.”
As mudanças no ensino superior são imprescindíveis, sobretudo no que se refere à formação de professores. Temos hoje 2.400 instituições de ensino superior, 200 das quais são universidades, com 8 milhões de estudantes. É essencial que elas sejam adaptadas às peculiaridades nacionais. Deve-se estimular a leitura de textos e oferecer sempre pelo menos uma língua estrangeira moderna.
Para Serpa, “jamais se deve parar de estudar.” A instituição do Bloco Curricular é uma providência essencial, a ser logo implantada, assim como a revisão dos cursos de licenciatura, hoje funcionando como compartimentos estanques. É preciso também rever o atual quadro de desinteresse pela profissão do magistério. E tomar providências para que não tenhamos vergonha do fato de que 60% dos nossos municípios não têm cursos superiores.
Temos que subir as aplicações financeiras em educação (dos atuais 6,6% do PIB para 10%, como reza o Plano Nacional de Educação), com um registro que mereceu aplausos gerais: “Se tivéssemos todas as nossas crianças nas escolas o nosso crescimento social e econômico seria muito mais expressivo.”
Serpa ainda criticou o MEC pelos atrasos na aprovação do Prouni e na liberação das providências ligadas ao Enem. Para depois afirmar algo igualmente insofismável: “Educação e Cultura são irmãs siamesas. Uma não vive sem a outra.” Fez um apanhado sobre as atividades da sua instituição, com os seus inúmeros projetos de teatro e cinema, por fim lamentando que a cultura esteja hoje vinculada não mais a um ministério próprio. Ainda sobrou tempo para elogiar o emprego da modalidade de educação à distância, na qual o Brasil tem hoje cerca de 1,8 milhão de estudantes. Não entende, por isso mesmo, que se critique desordenadamente o que hoje é um sucesso indiscutível.