Pelo sistema zoom fizemos um debate sobre educação, por iniciativa da Fundação Astrogildo Pereira, sob a coordenação do diplomata André Amado. Estiveram presentes também o professor Cristovam Buarque, ex-reitor da Universidade de Brasília e ex-Ministro da Educação, e o sociólogo Caetano Araújo.
Diante da certeza de que, após a pandemia, viveremos um novo normal, defendi a tese de que deverá existir igualmente uma “nova educação”, com parâmetros diferenciados. Como admitir a manutenção do grande número de analfabetos (11 milhões) ou a quantidade excessiva de jovens sem acesso ao ensino médio (geração nem-nem)?
Respondendo a uma pergunta do Embaixador André Amado, confessei que tenho uma visão otimista do futuro. Miro sempre os exemplos de países como a Finlândia e a Coréia do Sul, ambos por mim visitados e estudados, que superaram condições de atraso dos povos respectivos graças aos cuidados tomados, em tempo hábil, com a sua educação. Na verdade, não há outro caminho.
Cristovam Buarque defendeu a tese de que se deve dar prioridade, no MEC, ao que se passa em nível municipal: “Não há recursos financeiros apreciáveis e o resultado é o pior possível.” Concordei, para lembrar que se deve direcionar adequadamente as nossas verbas públicas, a partir do que hoje se faz no Fundeb, que atende a 4.800 municípios: “Se alguém argumentar que o problema é a falta de dinheiro, respondo com a extraordinária resposta dada pela nossa sociedade à crise da pandemia, com o bem sucedido auxílio emergencial. Quando precisa o dinheiro aparece e por que não pode beneficiar diretamente a nossa educação?”
Mais tarde, na live promovida pelo CIEE/SP debatemos uma prioridade, sempre lembrada: a formação de professores. Ela deve ser aperfeiçoada, com novos requisitos, ao lado de outra preocupação: o pagamento mais adequado de salários. É por isso que se tornou tão baixo o interesse dos jovens pela carreira do magistério. No último Enem, só 2% dos 6 milhões de inscritos demonstraram simpatia pela ideia de se tornarem professores. Como imaginar uma “nova educação” sem melhores e mais motivados professores? São as razões que nos levam a refletir com mais cuidado sobre o nosso futuro.