A utilidade da matemática


Arnaldo Niskier

Não resta dúvida sobre a utilidade do seu aprendizado, mesmo para aqueles que não se destinam às carreiras técnicas.  Conhecer seus pormenores faz bem até quando o estudante deseja, por exemplo, escolher um curso de filosofia.  Platão não foi filósofo e matemático?
 
O cérebro humano, com os seus reconhecidos 100 bilhões de neurônios, segundo pesquisas recentes, evoluiu para lidar com o mundo físico e se utiliza da linguagem matemática para cumprir a sua finalidade, nas questões do pensamento.  Teorias matemáticas podem explicar os mistérios do universo, nem todos, é claro, mas uma boa parte deles.
 
Ao longo dos séculos, a Matemática aprimorou-se para solucionar desafios. Por meio da formulação de leis, que podem ser propriedades ou teoremas, obtivemos diversas fórmulas que facilitam os cálculos do dia a dia.
 
Podemos citar o papel da lógica em todo esse processo.  São palavras de Jeff Raskin, cientista da computação, nos Estados Unidos: “A lógica humana nos foi trazida pelo mundo físico e é, portanto, concordante com ele.  A matemática deriva da lógica.  É  por isso que a matemática é concordante com o mundo físico.”  A ciência tem cerca de 4.000 anos de vida.  Quando é que vamos despertar para o valor disso tudo?
 
Foi Augusto Comte quem afirmou ser o conhecimento uno e indivisível.  Só por motivos didáticos é que o separamos em diferentes disciplinas, e assim se justifica a individualidade da matemática, por exemplo, que empolgou grandes pensadores, como Platão.  Segundo ele, na Academia só deveria entrar quem fosse geômetra.  Assim ela cresceu e adquiriu grande importância nas escolas do mundo inteiro.  No Brasil, entretanto, vive em crise.
 
Antigas civilizações sempre deram muita importância à matemática, ciência fundamental para a solução de problemas do cotidiano.  Quem conhece um pouco de geometria é capaz de lembrar da lei linear de Tales (“toda paralela a um dos lados de um triângulo determina  um segundo triângulo semelhante ao primeiro”).  Foi possível chegar a esse resultado pela observação da sombra projetada pelas pirâmides do Egito no deserto em que foram erguidas.
 
Por que a matemática tem poder? Quem indaga é o astrofísico Mario Livio, no seu livro “Deus é matemático?”.  Ele se vale de um pensamento de Albert Einstein para afirmar que “a matemática é um produto do pensamento humano, independente da experiência”.  Mas levanta uma dúvida: como é capaz de descrever com tanta exatidão, e até prever, o mundo que nos cerca? Essa questão é tratada com muita propriedade, desde o século I d.C., pelos estudiosos do Zohar, o livro do esplendor da religião judaica, também conhecido como livro de Abrahão.
 
Cito as palavras de Richard P. Feynman para expressar o significado do que é a Matemática: 
"A matemática não é apenas outra linguagem: 
é uma linguagem mais o raciocínio; 
é uma linguagem mais a lógica; 
é um instrumento para raciocinar".