A Educação Previdenciária


Arnaldo Niskier

 

Muito se tem escrito e falado sobre a educação previdenciária. Os primeiros cursos foram realizados. Para aperfeiçoar os conhecimentos financeiros das pessoas envolvidas, seja no sistema público ou no privado. A crise financeira mundial aguçou o interesse pela matéria, pois há dados concretos de que, em nível internacional, houve recentemente uma queda de 10% na poupança dos indivíduos, com vistas a uma renda na “idade de ouro” (acima dos 65 anos).
 
Assim como é sabido que mais de 20% dos integrantes do sistema não sabem explicar exatamente porque são alvo de descontos para os fundos de pensão, o que revela um fato preocupante, há o interesse assistemático em escolhas mais sofisticadas em relação aos investimentos. Poupanças voluntárias são cada vez mais estimuladas por isenções tributárias.
 
Deve-se afirmar, convictamente, que a educação previdenciária (que não deve ser confundida com a educação financeira) está sendo requerida pelo sistema, quando se pensa na efetivação de um planejamento previdenciário, com vistas à futura aposentadoria. Sabe-se igualmente que a compreensão financeira entre os participantes é relativamente baixa, o que pode levar a equívocos de difícil recuperação. O curioso é que esse desconhecimento atinge especialmente jovens e idosos, com reflexos negativos em relação ao futuro padrão de vida.
 
A OCDE há tempos se debruça sobre a matéria. As suas publicações insistem no estímulo para que as pessoas compreendam as várias opções de poupança e possam fazer as escolhas devidas. Diversas nações hoje oferecem cursos e materiais didáticos sobre previdência e investimentos, o que terá de ser feito igualmente no Brasil, quando se desenvolver a ideia de tornar mais evidente o empenho pela educação previdenciária. Políticas públicas, de origem governamental, precisam ser mais claras na definição desses problemas, que envolvem seres humanos e também aspectos culturais que precisam ser explorados.
 
A oferta de investimentos é cada vez mais complexa e exige, por parte dos usuários, um conhecimento que garanta opções seguras. Isso tudo se agrava quando se vive uma crise econômica, da qual o Brasil parece estar se despedindo, mas ainda há um caminho cuidadoso a ser percorrido. Como aquele rapaz que, ao descer do cume da montanha gelada, foi surpreendido de modo fatal pelo fenômeno da hipotermia. Não queremos esse tipo de surpresa de jeito nenhum.