Depois da pandemia, teremos que nos acostumar com um novo normal. Se isso é uma verdade, deverá existir também uma nova educação, com a valorização do que chamamos de ensino híbrido, mistura do modo presencial com o virtual, de tão amplas perspectivas.
No Canal Futura (534) foi exibido um programa especial sobre uma nova escola, em Helsinki, bem sintonizada com a mentalidade de um país voltado prioritariamente para a educação. É uma escola de arquitetura bonita, inaugurada há oito anos, com capacidade para 1.100 alunos. Suas aulas são de 90 minutos, para permitir ao professor avançar na aplicação prática dos conhecimentos ministrados. Nos intervalos, mais extensos, os alunos têm tempo para frequentar laboratórios e bibliotecas. É um admirável projeto, como tudo que se refere à educação na Finlândia, país do qual fui Cônsul Honorário no Rio de Janeiro, durante 13 anos, o que me propiciou mais de uma viagem ao país escandinavo. Conheci de perto o seu alto nível educacional.
Na capital finlandesa, tive a oportunidade de conversar com o seu ministro de Educação, um jovem de cerca de 40 anos, a quem perguntei a razão do sucesso do seu país em termos de desenvolvimento. Ele me respondeu: “São três razões: a primeira é educação, a segunda é educação e a terceira é educação.” Na verdade, esse é também o nosso pensamento, em termos de prioridade. Infelizmente, na prática, estamos longe disso.
Não podemos concentrar nossa preocupação apenas no modelo finlandês, embora ele seja extraordinário. Conheci também o que se faz (e acontece) na Coréia do Sul, outro bom exemplo. O país deu prioridade à educação, a partir do ensino fundamental, e transformou-se num poderoso tigre asiático.
O Brasil teve competência para criar o auxílio emergencial, para enfrentar a tragédia do coronavírus. Distribuímos o benefício para mais de 50 milhões de brasileiros. Houve alguns deslizes, é certo, mas foi uma fantástica operação. Se apareceu o dinheiro para essa inesperada emergência, por que não se pode estimar que ele socorra igualmente a educação? Como disse muito bem o professor Cristovam Buarque, que isso venha a partir dos municípios, em geral desprovidos de recursos em sua maioria. É a União que detém o dinheiro. Por aí se poderia caminhar, com chance de sucesso.