Ensino médio no Senado


Arnaldo Niskier

Num gesto profundamente democrático e de grande alcance, o senador Pedro Chaves, do Bloco Moderador, aceitou o convite que lhe foi feito pelo professor Carlos Alberto Serpa para vir ao Rio e debater, com um grupo de educadores, os pormenores da Medida Provisória nº 746, de 2016, que analisa  o futuro do ensino médio no Brasil.
 
Foi um encontro muito proveitoso, de muitas horas, na Fundação Cesgranrio,  em que falaram diversos especialistas, sugerindo medidas de aperfeiçoamento, a partir de 2018, da educação intermediária, em nosso país.  Paulo Alcântara, ex-reitor da UFRJ, destacou que um dos aspectos mais importantes da reforma é o da obrigatoriedade de 7 horas diárias na escola, gerando a cultura do tempo integral.  Ficou entendido que não serão necessariamente 7 horas de aulas, mas nesse total se inclui também o tempo destinado às fundamentais atividades, como a leitura,  a interpretação de textos e o raciocínio lógico e matemático.  Por isso, as atividades deverão abranger estudos dirigidos, visitas técnicas, práticas laboratoriais, programas culturais, conferências e atividades esportivas.
 
Ficou clara a necessidade de uma estreita colaboração com o Sistema  “S”.  Convênios serão importantes  para viabilizar a profissionalização, além da institucionalização dos processos de avaliação.
 
Quando interferiu na discussão, o professor Serpa sugeriu a existência de um grande esquema de Orientação Vocacional nas escolas e também a preparação adequada dos professores, hoje muito deficiente.  Sabe-se que, graças à existência da internet, muitos alunos sabem mais do que seus  professores, o que é uma evidente distorção.
 
A matrícula pública hoje é de 85% do total de alunos  e  cerca de 74% das escolas dispõem de computadores, mas somente menos de 20% levam o dispositivo para a sala de aula.  Outro notável desperdício é a capacidade ociosa dos laboratórios dos nossos cursos superiores, que poderiam ser utilizados pelas escolas médias.  Por que não?
 
Falou-se também na possibilidade de utilizar profissionais de nível superior, com os saberes, competências e habilidades necessárias, para administrar disciplinas onde haja notória necessidade.  O mesmo pode ser feito com militares da reserva.
 
Com sua grande experiência no campo privado, o professor Portugal falou nos elementos nucleares da reforma do ensino médio:  conteúdos, atividades, valores e disciplina.  Sua intervenção foi muito apreciada.
 
Aproveitando a enorme boa vontade do senador Pedro Chaves, que é o relator da Medida Provisória nº 746, foi-lhe entregue pelo prof. Serpa o trabalho elaborado pela Academia  Brasileira de Educação, destinado ao novo ministro da Educação, deputado Mendonça Filho.  Ali está o resumo da experiência de uma série de educadores sobre o que se espera, no futuro, do nosso ensino médio. É uma contribuição de grande valia.