Falta a universidade tecnológica


Arnaldo Niskier

— Saio daqui entusiasmado.
 
A frase é do ex-ministro e competente homem público Ernane Galvêas, depois de uma visita guiada ao Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet), no bairro do Maracanã. A antiga Escola Técnica Federal Celso Sucow da Fonseca, construída numa imensa área em que os prédios convivem com maravilhosos jardins, abriga hoje cerca de 10 mil alunos, divididos em 22 cursos técnicos e algumas escolas superiores (Informática, Engenharia, Administração).
 
Um dos seus diretores, Carlos Henrique Alves, diz orgulhosamente que “há empregos no mercado para todos os que se formam aqui dentro, dada a excelência dos cursos realizados.” A entidade tem 92 anos de existência e hoje conta com oito unidades, a mais recente criada pelo governo federal em Angra dos Reis.
 
O economista Ernane Galvêas tem um grande interesse pelas questões educacionais. Quando indaga sobre a experiência profissional dos mestres selecionados, quem responde é o professor Nilton da Costa e Silva, diretor de extensão:
 
— Procuramos sempre os professores que tenham ligação com o mundo do trabalho. É essencial para a escolha futura dos alunos, num estado que registra uma verdadeira explosão de empregos, em áreas diversificadas.
 
Introduzo na reunião um tema que incomoda: como é que pode existir hoje cerca de  600 técnicos chineses trabalhando na Companhia Siderúrgica do Atlântico? O Cefet opera com 5 mil jovens que irão se formar como técnicos, somente no Maracanã. Fica a dúvida: as suas vagas serão oferecidas a outros povos, como turcos, portugueses e espanhóis? Já ouvimos essa barbaridade de uma autoridade federal.
 
A instituição ganhou prêmios internacionais na área do empreendedorismo e tem no Cefet Júnior, muito bem administrado, um mecanismo de valorização dos seus recursos humanos, com a máxima de que “os salários dependem dos conhecimentos adquiridos”.
 
A verdade é que o ensino técnico está recebendo um grande apoio do governo brasileiro. Temos Escolas Técnicas, Centros Vocacionais Tecnológicos, Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia e Escolas Técnicas vinculadas a universidades. Entre 2003 e 2008, 236 cidades foram atendidas pelos campi federais. Embora possa parecer (e é) uma exagerada diversificação, característica do confuso ensino médio do nosso País, o certo é que o atual governo do presidente Lula está marcando pontos preciosos na oferta de oportunidades de emprego em nível intermediário, que é a primeira vez que acontece. Daí não ser surpresa o fato comentado de que há técnicos bem empregados que recebem salários superiores aos de muitos engenheiros. Uma distorção? Mas é a realidade.
 
O que falta, nisso tudo, é usar de inteligência e criar a Universidade Tecnológica Federal, no campus do Maracanã, que tem todas as condições para isso. Poderia ser uma instituição especializada, à semelhança do que existe no Estado do Paraná. Aliás, esse direito provém de uma natural política de equidade. Com a palavra, o MEC.