Uma gestão eficaz


Arnaldo Niskier

É comum o comentário, nas escolas de nível superior, de que necessitamos de uma gestão eficaz para que os seus frutos sejam colhidos a tempo e a hora. Que frutos são esses? Não é só a viabilidade econômica e financeira do empreendimento, como a formação adequada de profissionais para o mercado de trabalho, hoje agitado por ofertas inacreditáveis.
 
Citamos, em São Paulo, no Congresso educacional promovido pela Humus, o fenômeno da governança corporativa, em que há um empenho solidário na solução dos problemas administrativos da instituição. Organizações familiares ou a direção discricionária sofrem os efeitos de novos tempos, em que é preciso buscar a participação solidária de todos os envolvidos no processo. A gerência vertical cedeu espaço, na modernidade, para a horizontalização dos procedimentos, caracterizando a saudável democratização, que deixou de ser mera referência demagógica.
 
Uma gestão eficaz pressupõe a existência de líderes bem formados, determinados e inspiradores. Assim se pode chegar à melhoria contínua de uma escola, sobretudo se ela estiver devidamente apetrechada por um bom projeto pedagógico. O envolvimento da direção, supervisão e coordenação de cursos facilita o encontro de soluções, promovendo um ambiente de soluções criativas. É assim que se processa um planejamento eficaz.
 
Para Roberto L. Katz, da Universidade de Harvard, existem pelo menos três tipos de habilidades básicas para que o administrador execute com eficiência suas tarefas: a habilidade humana, a técnica e a conceitual, sendo a primeira o denominador comum e o ponto crucial da administração. Vale lembrar Peter Drucker, para concordar que não existem países desenvolvidos ou subdesenvolvidos, mas sim países que sabem administrar seus recursos e tecnologias existentes, e países que não sabem fazê-lo. O exemplo pode ser aplicado às universidades.
Sempre valerá a pena citar Max Weber (1864-1920), com a sua teoria da burocratização. Pelo menos para lembrar a racionalização, para ele o resultado da especialização científica e da diferenciação técnica peculiar à civilização ocidental. Foi pioneiro da Teoria das Organizações, com a ênfase que deu às normas escritas, a divisão do trabalho, o princípio hierárquico, a separação entre propriedade e administração (fato relevante em nosso sistema) e a profissionalização. Anos decorridos, suas ideias permanecem, devidamente adaptadas a novas circunstâncias, perfeitamente atuais.
 
Quando esteve no 9o Conic/Semesp,  em São Paulo, o presidente Luís Inácio Lula da Silva enfatizou o papel do setor privado, afirmando que o Estado não cumpriu na totalidade com suas obrigações com a educação e que, graças ao setor privado, foi possível a inclusão de milhões de brasileiros nas universidades.
 
Encerramos com o pensamento do especialista José Augusto Minarelli: “Os profissionais diferenciam-se pelo grau de inteligência mercadológica que possuem.”  É preciso refletir  sobre essa  realidade.