Teoria da ética
Arnaldo Niskier
“Os homens se diferenciam pelo que mostram e se parecem pelo que escondem” (Paul Valéry).
A palavra ética é derivada do grego (ethos), e significa aquilo que pertence ao caráter, trazendo então o significado de “portador de caráter”.
Ética é o nome dado ao ramo da filosofia dedicado aos assuntos morais. Diferencia-se da moral, pois, enquanto essa se fundamenta na obediência a costumes e hábitos recebidos, a ética busca fundamentar as ações morais exclusivamente pela razão.
De um ponto vista mais teórico, e entendendo-se a Ética como parte da Filosofia, estabelece-se que as suas teses nascem do pensamento. Por isso, estamos perante uma atitude intelectual, acadêmica, filosófica, que pensa nos princípios e valores humanos universais - usando a razão e o conhecimento.
A realidade é aquilo que é dado pela nossa ação, ou que é pressentido como estando em nossa potência realizar: pensado dessa maneira, o mundo da aparência, das utopias e das fantasias, que se contrapõem ao “real dado”, é o próprio mundo real. Não há filosofia que não se ocupe de questões morais. Em nossos dias, está se consumando um desgaste das perspectivas teóricas que, desde os gregos, marcaram o Ocidente. Mas é preciso persistência. As éticas platônicas e aristotélicas nos ensinaram que a transgressão sempre se deve à falta de conhecimento. Muitos pensadores salientaram as diferenças entre o “ser” e o “dever ser”.
“A aparência nos engana”, escreveu Montaigne. Mas há uma contradição efetiva no interior da própria aparência (o contrário da aparência não é o real): o não da negação volta-se para si mesmo. Os fundamentos da ética da aparência não param de desafiar o humano. A moral moderna fascina exatamente pelo artifício, pelas aparências, e pelas respostas que elas prometem: é o “malefício do parecer”. Para Rousseau, aparência e mal são quase sinônimos.
Até mesmo entre duas pessoas a convivência cria expectativas, as normas criadas em função do mútuo respeito ao longo do caminho pedem observância. Do ponto de vista negativo, do ponto de vista do poder, os homens manipulam e representam valores. E o que caracteriza o civilizado é a aceitação dos deveres que nos faz nascerem os costumes, as opiniões, as tradições e os julgamentos.