Criança Esperança
Arnaldo Niskier
A iniciativa do Grupo Globo é benemérita. Todo o dinheiro arrecadado na Campanha Criança Esperança é transferido religiosamente para a Unesco, a fim de ser transformado em centenas de projetos de apoio a instituições sociais. Este ano, a prioridade foi Educação e acompanhamos como diversas comunidades como Pavão Pavãozinho e Complexo da Maré foram prioritariamente atendidas.
Nesses últimos anos de arrecadação, já se chegou a mais de 430 milhões de reais, o que deu para fazer muita coisa em termos de assistência. O destino foi dado por orientação da Unesco, que é o organismo da ONU, situado em Paris, que lida com as necessidades da educação.
Os cursos se dividem entre lições de Informática, Música e Dança, contemplando centenas de jovens antes condenados à ociosidade. A Internet também tem a sua vez, sem esquecer o nosso estimado futebol. Assim se valorizam as comunidades, como aconteceu com a cidade fluminense de Rio Bonito, onde floresceu uma importante e utilíssima biblioteca.
A propósito desse tema, devemos citar também a CUFA – Confederação Única das Favelas, uma inteligente solução para as chamadas situações de rua. Tivemos que superar muitos obstáculos para vencer o processo de escravização no Brasil que era uma dura realidade há cerca de 133 anos atrás. Muita gente custa a acreditar que tivemos a vida de escravos –o que, de certa forma, manchou o nosso passado.
Por isso mesmo é que devemos elogiar a iniciativa do Grupo Globo. E apoiar financeiramente os projetos anunciados, pois se depender somente das autoridades não iremos longe. Até porque se sabe que os recursos para a educação estão minguando, quando o lógico seria a sua ampliação de forma consistente. Quando a referência, por exemplo, são os institutos federais de ensino o que se sabe é que, a cada ano, sobretudo nos últimos anos, o Ministério da Educação reduz a sua participação no orçamento dessas entidades. Como é que se pode estimar a ampliação desses atendimentos com essa forma absurda de atuação? Sem contar a atribuição de salários envergonhados, o que deixa os professores em situação da mais absoluta precariedade.