Crônica: Um novo ensino médio

Arnaldo Niskier
Finalmente, teremos no ano próximo um novo ensino médio. Depois de muitas idas e vindas, o Congresso Nacional aprovou o modelo com algumas inovações, como a carga total de 3.000 horas, para serem repartidas entre a parte comum curricular de 2.400 horas e o restante para o aumento do tempo de aulas de disciplinas tradicionais, como história, geografia e sociologia. Para estudantes de educação técnica profissional, prevê-se um total de 2.100 horas. Cerca de 300 horas desse montante devem aliar a formação geral e o ensino técnico. E assim se atende a uma reivindicação do setor industrial, no que se refere ao ensino profissionalizante.
 
Prevê-se que o novo ensino médio será implantado a partir de 2025. Não vingou a ideia da obrigatoriedade do espanhol como segunda língua moderna, ao lado do inglês. E haverá uma escola noturna em cada município. O Enem terá um novo formato a partir de 2027. Teremos uma parte comum e os itinerários formativos, garantindo mais opções para os alunos.
 
Os itinerários formativos são organizados por diferentes áreas: linguagens humanas, ciência da natureza, matemática e ensino técnico profissionalizante. A escolha será dos alunos.
 
O ensino à distância foi tratado com certos cuidados: será ensino médio mediado por tecnologia, de forma excepcional. O Conselho Nacional de Educação, como é natural, ficou com a responsabilidade de elaborar diretrizes nacionais de aprofundamento de cada uma das áreas do conhecimento. É uma solução natural, pois o CNE tem condições perfeitas para exercer esse papel. E pode também colaborar no registro de professores de ensino técnico. É uma área que apresenta muitas deficiências, que precisa de providências subsequentes. Quando um professor tiver notório saber ele deve ter o seu registro anotado.
 
Não se diga que a votação da Câmara e do Senado foi pacífica. Na verdade, houve muita discussão e as questões surgiram como decorrência natural da variedade de opiniões. É o preço que se paga pela existência de uma discussão democrática. Antes assim.