A Glória do Municipal


Arnaldo Niskier

Certamente, o Teatro Municipal do Rio de Janeiro é a maior casa de espetáculos do país. Criado por Arthur Azevedo, no início do século 20, tem uma lindíssima concepção arquitetônica, de modelo europeu, e assim se mantém até hoje. É o único teatro brasileiro que sustenta corpos artísticos estáveis, contemplando a música, a dança e o seu magnífico coro (considerado o 3º do mundo).
 
Durante o período em que fui Secretário de Estado de Educação e Cultura (79 a 83), tive a honra de comandar igualmente a Funarj (Fundação das Artes do Rio de Janeiro). De início, a entidade foi presidida pelo escritor Guilherme Figueiredo, mas ele não chegou a completar um ano de mandato. Pediu demissão e o governador Chagas Freitas me designou para acumular essas funções. Foi um prazer extraordinário, e assim pude dirigir igualmente as atividades do Teatro Municipal.
 
Tive a ajuda de profissionais notáveis. O Maestro Henrique Morelembaum assumiu toda a seção de música. Trouxe Dalal Aschcar para a direção do balé, onde Ana Botafogo pontificava como primeira bailarina. E o Coro ganhou com a experiência de maestros argentinos, que lhe deram outra vida.
 
Uma decisão da qual não me esqueço foi determinar que a Orquestra do TM passasse a atuar ao vivo, nos balés bem sucedidos, a partir da estreia muito aplaudida do clássico “Coppelia”, depois “Giselle” e “Romeu e Julieta”. Concordei com o pedido de Dalal para convidar o extraordinário bailarino Fernando Bujones para atuar em nosso país. Foi um sucesso completo.
 
Criei a Orquestra Jovem, entregue à competência do Maestro David Machado. E assim voltamos a fazer apresentações aos domingos pela manhã, revivendo áureos tempos do TM. Os nossos espetáculos voltaram a ter um grande público, como era da sua melhor tradição.
 
A temporada de óperas foi um êxito completo. Num só ano apresentamos 23 delas, todas recebendo grande público em suas apresentações. 
 
Há uma particularidade a se destacar: convidávamos atrações internacionais e elas recebiam em dia os seus cachês, por determinação expressa do nosso governador. O Rio, até então, tinha fama de mau pagador. Isso não mais acontecia.
Vivemos um inesquecível período de êxitos sem par.