Arte e emoção


Arnaldo Niskier

Segundo o escritor israelense Yuval Noah Harari, muito elogiado no mundo todo, sobretudo depois do sucesso do seu livro “Sapiens”, há 100 mil anos pelo menos seis espécies de humanos habitavam a Terra. Hoje, existe um único: nós, os Homo sapiens. No mundo moderno, a arte normalmente é associada às emoções humanas. Hoje, com a existência do procedimento computacional é possível hackear o amor, o ódio, o tédio e a alegria. Quem poderia pensar nisso há 50 ou 60 anos?

Harari afirmou que a maioria das pessoas tem dificuldade para digerir ciência moderna porque sua linguagem matemática é de difícil entendimento ao nosso intelecto e suas descobertas muitas vezes contrariam nosso senso comum. “Dos 7 bilhões de pessoas no mundo, quantas entendem realmente mecânica quântica, biologia celular ou macroeconomia? – pergunta o autor do consagrado best seller, ao mesmo tempo que faz uma consideração digna de todo respeito: “Presidentes e generais podem não entender de física nuclear, mas entendem o que as bombas nucleares são capazes de fazer.” Daí o receio causado pelos experimentos da Coreia do Norte, num exercício de perigosas consequências.


A ciência, a indústria e a tecnologia militar só se entrelaçam com o advento do sistema capitalista e da Revolução Industrial. Assim que se consolidou, essa relação transformou o mundo rapidamente.


Nessa era técnica em que vivemos, muita gente se convenceu de que a ciência e a tecnologia têm resposta para tudo. Se deixarmos cientistas e técnicos trabalhar livremente, será que eles criarão aqui na terra o céu com que sonhamos?


Segundo Harari, “a ciência é incapaz de estabelecer suas próprias prioridades. Também é incapaz de determinar o que fazer com suas descobertas. Por exemplo, não está claro o que podemos fazer com a compreensão cada vez maior da genética. Curar o câncer ou criar uma raça de super-homens geneticamente modificados?


A pesquisa científica só pode florescer se aliada a alguma religião ou ideologia. O ciclo de retroalimentação entre ciência, império e capital provavelmente foi o principal motor da história, nos últimos 500 anos. A ciência moderna floresceu graças aos impérios europeus, de mãos dadas com a expansão imperial da Espanha, Portugal, Grã-Bretanha, França, Rússia e Holanda. O imperialismo europeu foi totalmente diferente de todos os outros projetos imperiais da história. A conquista do conhecimento e a conquista do território se tornaram cada vez mais interligadas.