O que a nova geração não sabe


Arnaldo Niskier

 Recebemos com muita tristeza a notícia do falecimento do professor Wilson Choeri.  Foi um líder, responsável por algumas das medidas mais importantes para a construção da UERJ.  É possível recordar as suas ações na conquista da gratuidade da  então  UDF, junto à Câmara de Vereadores, na década de 50.
 
Depois, lutou para que existisse a hoje poderosa Universidade do Estado do Rio de Janeiro, que passou por diferentes denominações (Universidade do Estado da Guanabara, Universidade do Rio de Janeiro, até chegar ao atual nome).
 
Como vice-reitor, colaborou em diversas gestões da Universidade, a partir daquela histórica de Haroldo Lisboa da Cunha, quando se obteve do governador Carlos Lacerda a área da antiga favela do Esqueleto, para construir o que hoje é o campus Francisco Negrão de Lima.  Foi Choeri que comandou, com sua exemplar energia, todo o processo de construção da área, erguendo o que ele apropriadamente chamava de micro-universidade urbana.
 
A par dessa atividade  administrativa, Choeri foi professor de Estatística Educacional (formou-se em Física e Ciências Sociais), chegando à cátedra depois de um brilhante concurso, a que tive a honra de assistir.  É claro, participou de todos os movimentos políticos da sua Universidade, sempre desejando o melhor para ela.  Quando fui candidato à presidência do Diretório Acadêmico La-Fayette Cirtes, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, ele já era um notável professor, mas não concordou com a campanha suja que se montou contra a chapa do Partido Realizador. Foi de sala em sala, dizer que a nossa chapa era a que melhor consultava os  interesses da FFCL.  Ganhamos com uma diferença de mais de 800 votos.  Nunca esqueci a sua corajosa atitude.
 
Depois, Choeri fez carreira  também no magistério do Colégio Pedro II.  Chegou à sua direção geral, onde brilhou intensamente, fazendo a escola voltar à condição de padrão do ensino médio brasileiro.  Não foi sem razão que a congregação do PII lhe  conferiu o título de “professor emérito”, do qual ele se orgulhava muito.
 
Choeri foi também, ao lado de Omir Fontoura e  F. Sgarbi Lima, o criador do Projeto Rondon.  Levou centenas de alunos a Parintins, onde a UERJ ergueu um bem estruturado campus avançado.  Dirigiu durante os primeiros anos o modelar Colégio de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira.
 
Pois nada disso foi suficiente para que o Conselho Universitário da UERJ lhe conferisse o justíssimo título de “professor emérito”.  Hoje, os que se valem daquelas magníficas instalações para dar aulas ou receber aulas têm a obrigação moral de lhe conceder o título post-mortem.  É uma resposta também para o estúpido movimento que durante as eleições para reitor sempre  se referia a um  duvidoso “choerismo”, como se fosse um fato condenável de continuísmo.  Nada disso é verdadeiro, pois quando Choeri se afastou da UERJ dedicou todos os seus momentos de trabalho à obra do Colégio Pedro II.  Ele  foi também aluno eminente e grandemente reconhecido.