Falta motivação ao Ensino Médio
Arnaldo Niskier
Depois de 20 anos de implantação da Lei nº 9394/96, o sistema nacional de educação se apresta para colocar em funcionamento a Base Nacional Comum para o Currículo(BNC), possivelmente uma forma de motivar adequadamente o nosso alunado. Metade dos jovens de 15 a 17 anos, em nosso país, está fora da escola por absoluto desinteresse. Os livros oferecidos pelo Poder Público devem conter o máximo de transparência, a fim de tentar reverter esse quadro.
Nos últimos 14 anos, o Brasil perdeu 360 mil matrículas no ensino médio. A queda se deve, entre outras razões, ao envelhecimento da população em idade escolar, o que deve-se repetir nos próximos anos.
O atual ensino médio não agrada aos estudantes nem serve ao povo, para repetir o que dizia Lourenço Filho. Com a implantação da BNC, a partir de 2016, o MEC irá sugerir 60% de conteúdo fixo, ficando os outros 40% por conta de estados e municípios. Assim se poderá modernizar o ensino médio, com um currículo flexível. Os alunos escolherão o que estudar, com uma oferta que levará em conta
características regionais e até mesmo possibilidades do mercado de trabalho. Haverá maior coerência nos estudos.
Para assegurar efetividade, é essencial que os professores sejam mais bem formados e que recebam, em contrapartida, uma remuneração compatível com o relevo da sua missão. Esse é um aspecto fundamental.
Temos 507 mil docentes no ensino médio. Cerca de 40% desse total irão se aposentar nos próximos seis anos, agravando o tamanho da crise. Faltam professores de Matemática, Física, Química e Biologia. A Resolução nº 2/2005, do Conselho Nacional de Educação, procura corrigir as deficiências das licenciaturas, mas não prevê a formação de professores para o ensino técnico, como se ele não existisse. É uma grande deficiência que precisa ser corrigida, assim como a construção de bibliotecas e laboratórios. O salário médio do professor brasileiro representa pouco mais da metade do salário de ingresso na carreira na União Europea e pouco menos da metade da remuneração inicial nos Estados Unidos. É uma defasagem muito grande.