Guardo de você as melhores lembranças
Dos sacrifícios e permanente carinho
Sua figura bonita e cheia de esperanças
Minha mãe, o meu doce caminho.
Veio de longe, para o calor tropical.
Para morar numa vila em Pilares
Ao lado do pai, uma companheira ideal
Eram assim os imigrantes, nos lares.
Quantas vezes a surpreendi
Vertendo um choro contido
Era dura a vida aqui
Um sofrimento seguido.
O pai, caixeiro viajante.
Meses incontáveis de ausência
Um verdadeiro judeu errante
Foi-nos imposta a abstinência.
Mas a mãe, sem arredar pé
Cuidava da casa e de cada rebento
Sem jamais perder a fé
Na verdade, o nosso sustento.
Veio a doença do pai
E ela sempre ao seu lado
Disse-lhe, um dia, ele se vai
Em Deus a mãe tinha confiado.
Tudo acaba nesse porfia
Fica no coração a saudade
Dessa longa agonia
Que não conheceu idade.
Se pudesse pedir ao destino
Algo muito especial
Queria ter composto um hino
Prá minha mãe sem igual.