Um dia inesquecível
Arnaldo Niskier
O professor Carlos Alberto Serpa, acompanhado da esposa Beth, passa no corredor do meu apartamento pelo quadro colorido que reproduz o rosto da minha mãe Fany:
– Como ela era bonita!
– Todas as mães são bonitas! respondo, com uma ponta de orgulho. Lembram que amanha será o dia delas. Aí o orgulho da homenagem se juntará à dor da saudade.
O ambiente é propício. Estamos vindo do Teatro Ipanema, onde o ator Tuca Andrada apresentou um lindo espetáculo sobre Orlando Silva, o cantor das multidões. Plateia cheia, alguns conhecidos, todos entusiasmados com o ritmo das músicas cantadas por Orlando Silva, nos tempos gloriosos da Rádio Nacional. Destaque para “Nada além”, que dá título ao espetáculo, além de “Jardineira” e a inesquecível música “Carinhoso”, de Pixinguinha, que todo o auditório cantou, inclusive o nosso amigo
Roberto Halbouti:
Meu coração, não sei por quê
Bate feliz quando te vê
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo
Mas mesmo assim foges de mim
Ah, se tu soubesses
Como sou tão carinhoso
E o muito, muito que te quero
E como é sincero o meu amor
Eu sei que tu não fugirias mais de mim
Vem, vem, vem, vem
Vem sentir o calor dos lábios meus
À procura dos teus
Vem matar essa paixão
Que me devora o coração
E só assim então serei feliz
Bem feliz
É um hino de amor, que se espalhou por todo o auditório. Amor que foi o combustível maior do sentimento predominante na justa homenagem ao “Dia das Mães”. Pode existir ideia melhor? Cada um de nós chorou discretamente a saudade da mãe inesquecível que nos transmitiu tanto carinho toda a vida.