Opiniões de um Ex-Ministro


Arnaldo Niskier

Vale a pena acompanhar as opiniões do ex-ministro da Educação,  Renato Janine Ribeiro.  Ele ficou quase seis meses no MEC, mas tem uma larga experiência, dos muitos anos de magistério de Filosofia na Universidade de São Paulo.  Eis os seus pontos de vista:
 
 
1. Fiquei chocado, em minha gestão, com o corporativismo de sindicatos de professores;
 
2. Não concordo com as críticas de que houve “doutrinação” e “ideologização” em questões do último Enem;
 
3. Estamos numa situação em que a insensatez prevalece;
 
4. Vivemos um período de retrocesso dos valores éticos;
 
5. A primeira versão de História, na Base Nacional Curricular,  me incomodou muito pelo seu caráter ideológico.  Falava só de revoltas e não mencionava sequer a Inconfidência Mineira, porque é um movimento que não tem participação significativa de negros e indígenas. Não deixei publicar;
 
6. No caso da proposta de Português, Aloísio Mercadante contestou o pouco espaço dado à gramática.
 
7. É fundamental elevar o salário do professor de educação básica, mas uma greve de 90 dias é uma coisa que não tem justificativa ética e afeta gravemente as crianças;
 
8. Não concordo com a opinião do movimento sindical de professores  universitários (Andes), no sentido de passar todo o orçamento de educação para instituições federais de ensino.  E a educação básica?
 
9. A margem do Governo para contornar obstáculos é  muito pequena. Sem dinheiro você fica muito limitado;
 
10. Você não precisa ter 50 cursos de educação à distância, um em cada universidade, na matéria tal. Bastariam dois ou três de excelente.
 
11. Não existe razão para o dinheiro público ir para  cursos de extensão,  especialização e mestrados profissionais;
 
12. A cultura brasileira é uma cultura de privatização do ensino  público;
 
13. Hoje, o Ciência  sem Fronteiras não poderia ser criado. O valor por aluno é muito caro;
 
14. Foi muito frustrante a minha saída do MEC.  Pretendia discutir  os cursos universitários, aumentar o ensino técnico e focar muito pesadamente na alfabetização.  É muito difícil alfabetizar, exige competência muito grande.
 
Falei sobre o assunto na Fundação Universitária Regional de Blumenau (SC), a convite de Mércio Felsky e Aníbal Mussi, dirigentes do CIEE de Santa Catarina.  Houve boa repercussão por parte de alunos e  professores (fonte: BBC Brasil).