Kant e a Educação


Arnaldo Niskier

O saudoso filósofo D. Lourenço de Almeida Prado, que dirigiu por muitos anos o tradicional Colégio São Bento, costumava frequentemente recordar a frase de Immanuel Kant (1724-1804), autor de “Crítica da Razão Pura”: “O homem só é homem pela educação”. Suas lições se tornaram memoráveis, em nosso convívio no Conselho Estadual de Educação e no Conselho Federal de Educação. Com ele também aprendi que a lei moral supõe a liberdade, a imortalidade e a existência de Deus.

Embora haja quem defenda a mentira, como forma de evitar problemas, Kant condenava o ato de mentir: “A verdade está acima do bem-estar físico.” Mentimos com muita facilidade – e se assim não pode-se inferir que haveria muito mais guerra no mundo.

Kant nasceu em Konigsberg (Prússia). Foi professor de geografia e etnologia. Nunca saiu da sua cidade natal. Foi grandemente influenciado pelas ideias religiosas da mãe. Depois de muitos anos como professor, escreveu um livro-texto de pedagogia, segundo ele com preceitos excelentes, mas que ela jamais aplicava na prática. Dava o máximo de atenção aos alunos medianos (“os burros não têm salvação e os gênios se arranjam sozinhos”).

Aos 42 anos, escreveu: “Tenho a felicidade de ser um amante de metafísica.” Fez trabalhos sobre planetas, terremotos, fogo, vento, éter, vulcões etc. Assim nasceu a sua teoria do Céu, em 1755.

Na sua famosa “Crítica” dá o exemplo do aprendizado da matemática: “O conhecimento matemático é necessário e certo. Não podemos conceber que a experiência futura o viole... Não podemos, por nada deste mundo, acreditar que dois vezes dois fará outro resultado que não quatro. São verdades absolutas e necessárias. Nunca serão falsas algum dia.

Assim analisou o significado de sensações e percepções. Sensação é estímulo desorganizado, percepção é sensação organizada, enquanto sabedoria é vida organizada. É a nossa mente que leva luz a esses mares.

A verdadeira Igreja, segundo Kant, é uma comunidade de pessoas, por mais espalhadas e divididas, que são unidas pela devoção à lei moral comum. É uma das grandes lições da sua obra.