Não existe receita para o sucesso


Arnaldo Niskier

Embora os resultados ainda não sejam apreciáveis, é evidente a existência, hoje, de um movimento no sentido do aprimoramento das políticas públicas voltadas ao ensino médio. Valoriza-se a Gestão de Pessoas, com esse fim, priorizando-se a temática da diversidade e do comportamento humano.
 
Ponto importante a ser focalizado é a perspectiva de inovação na sociedade do conhecimento, diante do fascinante mundo tecnológico que estamos vivendo intensamente. São necessários cuidados diante das novas tecnologias, para que o seu relevo não se sobreponha à importância do capital humano. Quando almejamos a eficácia, o investimento no ser humano passa pela ética, qualidade, visão crítica, cidadania, espírito de solidariedade e mudança no desenvolvimento individual, interpessoal e grupal (ou organizacional), com ênfase no investimento no quadro docente.
 
Queremos abordar também a qualidade da gestão educacional, com o investimento estratégico no capital humano. Pesquisas recentes, em nosso país, mostram que são fundamentais os fatores de bom clima escolar, foco nos resultados e na aprendizagem e alta expectativa de sucesso do aluno. Assim se pode evitar o chamado burnout, que é a síndrome do esgotamento físico e mental, cuja principal causa pode estar ligada à vida profissional. O sucesso e a qualidade escolar devem evitar essa e outras síndromes contemporâneas, cada vez mais frequentes. Novas políticas públicas exigem que o trabalho do professor não seja mais simplesmente individualizado e totalmente autônomo. É preciso que prevaleça uma ação integrada.
 
Há também que se referir às escolas aprendizes, que nos levam a refletir sobre o futuro. A coparticipação é elemento chave do processo, exigindo trabalho conjunto. Como afirma com muita propriedade a pesquisadora Andrea Caruso, da pós-graduação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, “as escolas que têm como princípio o aprendizado pela experiência sabem que a mudança de paradigmas depende fundamentalmente de sua cultura organizacional, da sua liderança e da difusão da ideia de uma administração participativa.”
 
Se buscarmos inspiração na obra “A quinta disciplina”, de Peter M. Senge (Bestseller, Rio, 2009), ali encontraremos uma fonte para combate à tendência conservadora das escolas: 1. Pensamento sistêmico (integração dinâmica entre o todo e as partes); 2. Domínio pessoal (autoconhecimento objetivo, energia e desenvolvimento de paciência); 3. Modelos mentais enraizados (são pressupostos arraigados, generalizações ou imagens que influenciam nossa forma de ver o mundo e agir); 4. Aprendizagem em equipe (a unidade fundamental é o grupo e não o indivíduo); 5. Construção de uma visão compartilhada (um sentido de missão e de visão do futuro). São elementos para uma grande reflexão a respeito do processo, propiciando o seu redesenho, com novos procedimentos, políticas e resultados.
 
De tudo o que vimos pode-se inferir que o sucesso para ser alcançado depende de um trabalho de equipe, mas não é um bolo de que se tenha a receita infalível. Será sempre um produto de muito e permanente esforço, como se avalia hoje nos diversos sistemas oficiais existentes: SAEB, IDEB, SERCE-Unesco e PISA.