Show do Cérebro da IA
Arnaldo Niskier
Desenvolvedores de software são hoje a atração da empresa Nvidia, que vale 2,3 trilhões de dólares (é a terceira do mundo em valor de mercado). Isso se deve basicamente ao seu trabalho na inteligência artificial. É máquina que pode criar textos, conceber imagens, elaborar vídeos e preparar linhas de programação comum a simples pedido do usuário.
Segundo Huang, executivo da empresa, estamos diante de uma nova revolução industrial. Sua receita é 61 bilhões de dólares, a metade é lucro líquido. Trabalha com 29.600 funcionários.
A empresa criou, com a adoção da IA em larga escala, uma plataforma de desenvolvimento de software para rodar em seus CPUS, chamada Cuda, e a ofereceu gratuitamente para fins educacionais em 2013. Toda a mão de obra especializada usa o ecossistema da Nvidia. Os seus chips e a IA serão fundamentais na explosão de várias indústrias, como as de carros autônomos, design de moléculas complexas farmacêuticas, robôs e gêmeos digitais, por exemplo. Cada uma virá a seu tempo e movimentará bilhões de dólares, mas tudo vai depender claramente da política industrial da China, que é uma incógnita. Que a IA vai crescer não há dúvida, mas em que proporção é que se discute. Há receio de uma bolha de IA, como resultado dos efeitos concretos do cérebro humano que criou a IA, como é o caso de Huang.
O Brasil não está alheio a esses avanços. Estratégias regulatórias estão sendo estudadas, para o controle e o fomento dessa tecnologia revolucionária. Estudos da USP demonstram que 178 países apresentam iniciativas regulatórias – e esse é um dado considerado bom. O Parlamento Europeu aprovou o AIAct, inserido numa ampla estratégia digital, que contempla temas como o acesso de dados, direitos dos usuários e defesa da concorrência.
No Brasil, o assunto hoje encontra-se em debate no Congresso Nacional. Virá uma estratégia de soberania digital, estimulando o nosso desenvolvimento científico e tecnológico, sempre com o objetivo do emprego racional da IA. É claro que se visa à chegada do desenvolvimento científico e tecnológico, com a correção das nossas desigualdades estruturais.