Por uma razão especial, voltei ao Planetário da Gávea, no Rio de Janeiro, que criei quando ocupei o cargo de Secretário de Estado de Ciência e Tecnologia da Guanabara, no Governo Negrão de Lima. Aos 85 anos de idade, fui levado àquele espaço sagrado para me vacinar contra o assustador coronavírus. Foi uma festa quando as diligentes enfermeiras foram informadas de que eu tinha sido o criador daquela obra. Elas estavam contentes como se fosse a inauguração do importante espaço cultural.
Depois da picada, dei uma volta. Fiquei um pouco triste com a versão divulgada sobre a história do Planetário. Inverdades que poderiam ser evitadas se me consultassem como tudo aconteceu. Além da omissão do nome do fundador, em 1969, a imaginação substituiu a verdade dos fatos. Nunca foi cogitado o espaço da Avenida Chile, que teria sido trocado por causa das enchentes.
Quando ganhei o equipamento Spacemaster do Magistério da Educação, era ministro o Senador Tarso Dutra. Discutiu-se o local. Pensamos no Aterro do Flamengo, mas o governador Negrão de Lima vetou: “Com aquelas pistas de alta velocidade, muita criança vai morrer atropelada.” Pensou-se a seguir na Lagoa Rodrigo de Freitas, mas o receio era o mesmo. Então, o Secretário Carlos Costa sugeriu o atual local na Gávea, com a remoção da favela do Parque Proletário da Gávea, ao lado da PUC. Essa é a verdade, o resto é imaginação.
Os três milhões do custo da obra foram cedidos pelo governador, das suas verbas orçamentárias. Ele colocou os recursos à minha disposição, mas eu não quis mexer com dinheiro. Transferi os recursos para o meu amigo Raimundo de Paula Soares, Secretário de Obras, para que ele cuidasse da construção. Deu tudo certo com a parceria inteligente, e assim o Planetário foi por mim inaugurado, no dia do aniversário do filho do ministro Jarbas Passarinho, conforme o seu desejo. Projetamos essa data na cúpula do céu de Xapuri, no Acre, para homenagear o ministro Jarbas Passarinho, natural daquela cidade.
A verdade é uma só, e eis aí a sua versão.