Crônica: O Grammy de gravação do ano

Arnaldo Niskier

Arnaldo Niskier

Da Academia Brasileira de Letras e

Doutor Honoris Causa da Universidade Santa Úrsula

 

Graças à inteligência artificial está sendo possível reviver a existência dos notáveis Beatles, hoje com apenas dois membros vivos. Há meio século que eles estão separados, mas noticiaram que lançariam a música “Now and then”, com o apoio indispensável da inteligência artificial. Fez-se o uso de “stem separation”, um tipo de tecnologia de IA que permitiu a limpeza do trabalho original, retirando os excessos de ruídos. Tudo o que era indesejável dos vocais anteriores foi extraído e se pôde chegar a uma gravação aparentemente perfeita.

Foi colocado no trabalho um violão elétrico e acústico gravado em 1995 por George Harrison, com o complemento da bateria de Ringo Starr e baixo, piano e slide guitarra de Paul McCartney, além de outros vocais de apoio.

Enquanto isso, países como a Itália e a Irlanda pedem informações à startup chinesa DeepSeek, para proteger seus sistemas. Há tentativas de citar o vazamento de dados do modelo de IA para o governo chinês. Isso tudo é devido à crescente popularização do DeepSeek, ao impulsionar os seus serviços de cibersegurança. Seus preços são considerados extraordinariamente baixos e por isso estão atraindo os clientes da OpenAI e tem menos salvaguardas contra a ação de hackers. São causas de preocupação.

O DeepSeek pode ser acessado gratuitamente em mais de 70 idiomas, mas evita responder a temas controversos sobre o governo chinês, por exemplo. Fornece dados “para cumprir a lei, proteger direitos e prevenir atividades ilegais”. Nas suas configurações é possível excluir o histórico de conversas, pelo tempo que for necessário.

No caso do Brasil, Resolução da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) indica que a transferência de informações deve estabelecer garantias mínimas, como possibilidade de oposição à coleta e exclusão dos dados armazenados – algo que a DeepSeek não oferece.