Crônica: O que é uma vocação
Arnaldo Niskier
Temos hoje no Brasil mais de 2,5 milhões de professores. Muitos felizes por sua inequívoca vocação, mas sofrendo as agruras de baixos salários, o que vem de longe. A escritora Clarice Lispector falava de alegrias e agonias na profissão que ela também respeitava muito. Gostaria de encontrar no mestre a figura do orientador ou facilitador de aprendizagem, para atribuir-lhe a devida importância, fazendo do amor a sua maior arma.
Dos que concluem o ensino médio, hoje no Brasil, somente 2% se voltam para o magistério como profissão. Esse é o resultado do que se impõe aos professores brasileiros, cujos sacrifícios nem sempre têm o devido reconhecimento da sociedade. Mas existe a convicção de que eles são fundamentais para o nosso futuro e como são importantes para a educação brasileira, hoje e sempre.
Homenageá-los, pois, é uma questão de justiça. Devemos ser gratos a esses heróis que transformam vidas e são dominados por belíssimos sonhos. Homens e mulheres, assim envolvidos, merecem o nosso mais profundo respeito.
Com toda humildade, recebo essa homenagem com o sentimento do dever cumprido. Tudo fiz com amor, sob o impulso de severo sentimento de ética, honra e responsabilidade humana.
Para finalizar, devo acrescentar um destaque especial à trajetória do CIEE, instituição que dirigi, no Rio, durante 15 anos e que, neste ano, celebra 60 anos de existência, tendo sido peça fundamental na vida de tantos jovens, proporcionando aos seus estagiários e aprendizes oportunidades de aprendizado, crescimento pessoal e profissional. Hoje, é dirigido com muita competência pela minha filha Andréia Ghelman. É a única mulher que dirige um CIEE em nosso país. Razão natural de muito orgulho.
Enquanto formos capazes de honrar a modesta aliança que, até em meio às trevas, estabelecemos com nossos sonhos, terá valido, para nós, esta jornada que cada qual iniciou na fonte mesmo da sua origem.
“Emérito da educação” não deixo de ser também um “guerreiro da educação”.