Crônica: América até morrer
Arnaldo Niskier
Um grupo de jovens universitários, sob a liderança de Leo Garfinkel, resolveu produzir um documentário com o título “É sempre bom falar do América”, para lembrar as glórias do clube tijucano, que deixou muitas saudades. É possível acompanhar os seus momentos de brilho através do youtube, com depoimentos de tradicionais torcedores, como Alex Escobar, José Trajano e deste cronista, que durante cerca de 10 anos defendeu as cores rubras em competições de natação, futebol, voleibol e basquetebol (três anos atuando pela sua equipe juvenil).
O América F.C. nasceu em 1904 e logo se instalou na Rua Campos Sales nº 118. Conquistou nada menos de sete títulos de campeão carioca de futebol, feito de que nem todos lembram, mas é notável. Teve alguns dos melhores jogadores brasileiros, como o inesquecível Maneco (Saci de Irajá) e o artilheiro Edu, irmão do Zico, ambos pertencentes à família Antunes.
Hoje, a equipe rubra disputa a 2ª divisão, com a esperança de voltar ao seio dos maiores clubes brasileiros, onde estive por muitos anos. Tem um belo estádio em Mesquita, construído pela dedicação do dirigente Giulite Coutinho, do qual todos se recordam com muita saudade. Giulite foi dirigente da Confederação Brasileira de Futebol(CBD), realizando um bonito trabalho, da mesma forma como fez outro americano ilustre, o dirigente Sílvio Pacheco.
No campo esportivo, o AFC deixou uma larga tradição. Vou recordar a presença de Nancy Bastos de Souza Passos no campo da natação. Ela foi campeã sul-americana e recordista no nado de peito. Figura notável, apesar de treinar e competir numa piscina limitada de 20 metros. Tinha uma fibra extraordinária.
O América abrigou o craque Heleno de Freitas nos seus últimos momentos como jogador profissional e fui testemunha desses esforços. Palavras elogiosas podem ser reservadas para Pompéia, Domício, Hilton Viana (um incrível batedor de pênaltis), Alarcon, César, Esquerdinha, Natalino, Gamba e outros craques inesquecíveis. Esse clube não pode morrer.